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O Garoto da Hora
O modelo Ranimiro Lotufo, 38,
voltou a fazer sucesso. Estrela da
campanha de verão de uma confecção, ele está em revistas e outdoors, de shorts. É como se tudo
voltasse a ser como antes. A diferença é que Lotufo não tem uma
perna, amputada após um acidente de paraglider, em 95. Nos anúncios, ele exibe uma prótese.
Os modelos deficientes são uma
tendência na moda internacional.
A atleta americana Aimeé Mullin,
que também teve uma perna amputada, desfilou para o estilista
Alexander McQueen e foi capa da
revista inglesa "Dazed and Confused" -uma espécie de bíblia
dos moderninhos.
Lotufo está satisfeito com o resultado do trabalho. "O importante é que as pessoas que estão
passando pelo mesmo problema
que eu vivi podem me ver como
um exemplo positivo", diz.
A primeira reaparição de Lotufo
nas passarelas foi no ano passado,
quando o modelo desfilou no MorumbiFashion Brasil.
Ao mesmo tempo em que retornou ao mundo fashion, ele também voltou a praticar esportes radicais. Entre eles, o paraglider. Ele
pratica também rafting e, junto
com o atleta Marcelo Tanaka,
criou a Equiperneta, que tirou
quinto lugar em um campeonato
do esporte.
Após o acidente, você achou
que sua carreira como modelo
estaria encerrada?
Nem pensei nisso. Eu estava
preocupado com outras coisas. Ser
modelo sempre foi minha profissão, mas nunca foi minha vida.
Quando me chamaram para desfilar eu achei que foi uma ótima surpresa. Principalmente porque me
chamaram como profissional, e
não como deficiente.
E como foi essa volta?
Foi muito emocionante. Fui
muito aplaudido pelas pessoas que
já me conheciam como profissional. É claro que eu não ando mais
como andava antes, mas criei um
estilo. Sempre tentei me diferenciar. Acho que alguns desfiles hoje
em dia são muito entediantes, com
todo mundo andando com cara de
nada.
O que você achou de fazer a
campanha mostrando a prótese?
Achei maravilhoso. Principalmente porque eu acho que esse tipo de coisa pode ajudar as pessoas
que estão passando pelo mesmo
problema que eu. O maior preconceito que eu enfrentei foi o meu,
mesmo. Muitos deficientes se
trancam em casa, não se aceitam.
O mais legal é mostrar que não é
uma desgraça, que você continua
vivo e aprende muito com o que
passou. Se eu pudesse escolher entre a vida que eu tinha antes, com
duas pernas, e a que tenho hoje,
com uma perna, ficaria com a vida
que levo hoje.
O que você acha dessa tendência dos deficientes no mundo da moda?
Não sei o quanto isso vai pegar.
Não sei se é só um jogo de mídia
ou não. Se for para mostrar uma
realidade que muita gente vive,
acho bom.
Você continua praticando esportes radicais?
Continuo voando e participando
de campeonatos. Logo após o acidente, não sabia o que eu seria capaz de fazer. Aos pouco fui me
acostumando e vendo que era capaz de fazer muita coisa. Uns amigos me chamaram para voar de
paraglider e eu aceitei na hora.
Não fiquei com nenhum trauma
por causa do acidente. Acho que o
que houve aconteceria de qualquer forma, era uma coisa pela
qual eu tinha de passar. Mas continuo praticando vários esportes radicais. Montei essa equipe, a Equiperneta, e temos participado de
várias aventuras.
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