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Funcionários planejam vida
do enviado especial
O sol já aparecia sobre a cobertura das favelas da Baixada Fluminense quando o "ferromoço" José Domingos avisou: "Em meia
hora vamos chegar à estação. O
Trem de Prata vai acabar".
Eram 7h, e os funcionários falavam de seus projetos de vida. "Espero que a empresa nos realoque
nos cargueiros", disse o maquinista Ronaldo Rodrigues Mota,
que comandou a locomotiva
3148-1 na primeira viagem do
Trem de Prata, em 94.
Às 7h10, a paisagem é semelhante à do filme "Central do Brasil":
prédios malconservados cobertos
por varais. Meninos cheirando cola e fumando maconha. O trem está devagar, a 20 km/h, e passa ao
lado do morro da Mangueira. O
gerente do trem, Luís Duarte, só
falava do churrasco organizado
para ontem. Ele não sabe onde vai
trabalhar. Alguns funcionários fazem fotos dos amigos.
Domingos contou que já se acostumou a dormir com o barulho
dos trilhos. "Eu não suporto trabalhar em um escritório fechado.
Talvez volte para São Paulo e trabalhe em um restaurante."
Em cinco minutos a viagem acabaria. O barman Tom de Carvalho
lembrou viajantes famosos: "Vinícius de Morais, Fábio Júnior,
Pedro Cardoso, Elza Soares...".
Às 7h31, o maquinista Ronaldo
puxou a alavanca do freio manual
pela última vez. "É o fim da festa", disse José Domingos.
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