São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Rio pede envio imediato da Força Nacional

A ida da força estava prevista para o Pan, em julho, mas o novo governador disse que, em razão dos ataques, não é possível esperar

Secretário nacional de Segurança se reunirá hoje com novo secretário de Segurança Pública para discutir ajuda de tropas

César Loureiro/Agência o Globo
Pessoas observam corpos de homens que foram mortos em ônibus na manhã de ontem, no Rio


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Após conversar rapidamente com o presidente Lula, o novo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou ontem que espera o envio da Força Nacional de Segurança para o Estado imediatamente para combater a onda de violência que resultou em 19 mortos na semana passada -que Lula chamou de "terrorismo" em seu discurso de posse.
O envio da força estava previsto para os Jogos Pan-Americanos (13 a 29 de julho), mas Cabral disse, após a posse de Lula, que não é possível esperar: "É preciso dar uma resposta imediata". Neste mês, ocorrerá no Rio de Janeiro a reunião de cúpula do Mercosul.
O governador disse que o secretário nacional de Segurança, Luiz Fernando Corrêa, já terá reunião hoje com o novo secretário de Segurança Pública do Rio. O envio das tropas, portanto, poderá ocorrer a qualquer momento, mas Cabral não definiu prazo nem contingente. A previsão para o Pan-Americano é de 7.000 homens.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que haverá uma reunião ampliada no próximo dia 15, incluindo não apenas as autoridades de segurança do Rio, mas também as de São Paulo e Espírito Santo, Estados onde os ataques do crime organizado têm sido mais ostensivos e dramáticos.
Uma das questões em pauta, segundo Cabral, é a mudança da legislação, com envio da proposta ao Congresso: "Eles [os mandantes dos ataques] são terroristas, facínoras e devem ser tratados como tal". Não deu detalhes sobre as propostas.
Cabral disse, ainda, que pretende conversar com os comandantes das três Forças Armadas no Rio sobre a questão: "Exército, Marinha e Aeronáutica podem dar uma boa colaboração, acentuando a presença mais ostensiva onde já atuam". Exemplificou: a Aeronáutica nos aeroportos, a Marinha no centro e o Exército no subúrbio e na zona oeste.
Para o ministro da Justiça, a vitória e posse de Cabral no Rio facilitam os entendimentos e a ação da Força Nacional, pois "não há mais impedimentos nem constrangimentos".
A ex-governadora Rosinha Garotinho (também do PMDB, mas de oposição a Lula) oferecia fortes resistências a um trabalho conjunto com a União. No discurso de posse, quando pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos ataques, Cabral declarou que "o governo não vai se intimidar e que ganhará a guerra contra os criminosos".
"Vamos trabalhar de mãos dadas com o governo federal e o governador não vacilará porque não se vê diminuído por pedir forças de auxílio ao Rio."

"Não agüento mais"
O novo secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou ontem que nem ele "agüenta mais" a situação de violência no Rio. Beltrame não descarta a utilização do Exército na crise. "Se for necessário, o Exército também vai vir", disse.
O secretário disse ainda que o combate às milícias -apontadas como razão dos ataques- não receberá atenção especial. "Temos de combater as milícias dentro do contexto do combate à criminalidade."
Segundo ele, a nova gestão convocará todos os policiais que atuam em outros órgãos -Assembléia e secretarias, por exemplo- para que se reapresentem em 30 dias. O objetivo é elevar o efetivo disponível. "O Estado tem de dar visibilidade de segurança à população, através do policiamento ostensivo", afirmou.


Colaboraram RAPHAEL GOMIDE e SERGIO TORRES , da Sucursal do Rio


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