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Rio pede envio imediato da Força Nacional
A ida da força estava prevista para o Pan, em julho, mas o novo governador disse que, em razão dos ataques, não é possível esperar
Secretário nacional de Segurança se reunirá hoje com novo secretário de Segurança Pública para discutir ajuda de tropas
César Loureiro/Agência o Globo
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Pessoas observam corpos de homens que foram mortos em ônibus na manhã de ontem, no Rio |
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Após conversar rapidamente
com o presidente Lula, o novo
governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), anunciou ontem
que espera o envio da Força Nacional de Segurança para o Estado imediatamente para combater a onda de violência que
resultou em 19 mortos na semana passada -que Lula chamou de "terrorismo" em seu
discurso de posse.
O envio da força estava previsto para os Jogos Pan-Americanos (13 a 29 de julho), mas
Cabral disse, após a posse de
Lula, que não é possível esperar: "É preciso dar uma resposta imediata". Neste mês, ocorrerá no Rio de Janeiro a reunião de cúpula do Mercosul.
O governador disse que o secretário nacional de Segurança,
Luiz Fernando Corrêa, já terá
reunião hoje com o novo secretário de Segurança Pública do
Rio. O envio das tropas, portanto, poderá ocorrer a qualquer
momento, mas Cabral não definiu prazo nem contingente. A
previsão para o Pan-Americano é de 7.000 homens.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que
haverá uma reunião ampliada
no próximo dia 15, incluindo
não apenas as autoridades de
segurança do Rio, mas também
as de São Paulo e Espírito Santo, Estados onde os ataques do
crime organizado têm sido
mais ostensivos e dramáticos.
Uma das questões em pauta,
segundo Cabral, é a mudança
da legislação, com envio da proposta ao Congresso: "Eles [os
mandantes dos ataques] são
terroristas, facínoras e devem
ser tratados como tal". Não deu
detalhes sobre as propostas.
Cabral disse, ainda, que pretende conversar com os comandantes das três Forças Armadas no Rio sobre a questão:
"Exército, Marinha e Aeronáutica podem dar uma boa colaboração, acentuando a presença mais ostensiva onde já
atuam". Exemplificou: a Aeronáutica nos aeroportos, a Marinha no centro e o Exército no
subúrbio e na zona oeste.
Para o ministro da Justiça, a
vitória e posse de Cabral no Rio
facilitam os entendimentos e a
ação da Força Nacional, pois
"não há mais impedimentos
nem constrangimentos".
A ex-governadora Rosinha
Garotinho (também do PMDB,
mas de oposição a Lula) oferecia fortes resistências a um trabalho conjunto com a União.
No discurso de posse, quando pediu um minuto de silêncio
em homenagem às vítimas dos
ataques, Cabral declarou que "o
governo não vai se intimidar e
que ganhará a guerra contra os
criminosos".
"Vamos trabalhar de mãos
dadas com o governo federal e o
governador não vacilará porque não se vê diminuído por pedir forças de auxílio ao Rio."
"Não agüento mais"
O novo secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou ontem
que nem ele "agüenta mais" a
situação de violência no Rio.
Beltrame não descarta a utilização do Exército na crise. "Se
for necessário, o Exército também vai vir", disse.
O secretário disse ainda que
o combate às milícias -apontadas como razão dos ataques-
não receberá atenção especial.
"Temos de combater as milícias dentro do contexto do
combate à criminalidade."
Segundo ele, a nova gestão
convocará todos os policiais
que atuam em outros órgãos
-Assembléia e secretarias, por
exemplo- para que se reapresentem em 30 dias. O objetivo é
elevar o efetivo disponível. "O
Estado tem de dar visibilidade
de segurança à população, através do policiamento ostensivo", afirmou.
Colaboraram RAPHAEL GOMIDE e SERGIO
TORRES , da Sucursal do Rio
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