São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Delegados federais assumem secretarias

Cinco governadores escolheram para administrar suas pastas da Segurança Pública funcionários da Polícia Federal

O objetivo é conseguir da União a liberação de verbas para a área de forma mais rápida, como ocorreu com SP após os ataques do PCC

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dos 13 governadores que assumiram para um primeiro mandato, cinco escolheram um delegado de Polícia Federal para administrar suas secretarias de Segurança Pública.
As indicações foram realizadas diretamente pela direção geral da PF e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, a pedido dos novos governadores. Ambos os órgãos fazem parte da estrutura do Ministério da Justiça.
"É como uma terceira onda: depois dos generais e dos políticos, agora vivemos uma espécie de onda federal", diz o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, que também é delegado da Polícia Federal.
Ao arriscar uma justificativa para a opção, Corrêa entende que a "onda federal" se deve ao trabalho da PF, que teria conquistado destaque na sociedade, saldo de 250 megaoperações de combate a crimes nos quatro últimos anos.
"Não quer dizer [que a opção] dará certo. Mas é uma novidade, e certamente vai dar um caráter mais técnico [à administração da segurança pública]", afirma Corrêa.

Apoio federal
Os governadores buscam azeitar as relações com a Polícia Federal, que se transformou na vitrine do primeiro governo Lula. Querem garantir rápida resposta em caso de eventualmente necessitarem de apoio federal para situações de crise, como aconteceu por ocasião dos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado de São Paulo, entre os meses de maio e agosto do ano passado.
Ao estreitar relações com a Polícia Federal e, em conseqüência, com o Ministério da Justiça, os governadores pretendem garantir um lastro político a mais para conseguir a liberação de recursos para a área de segurança pública.
Na crise do PCC, por exemplo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, conseguiu para São Paulo a liberação, em tempo recorde, de R$ 100 milhões no mês de agosto para que fossem realizados investimentos em sistemas de inteligência policial.
É uma agilidade preciosa, que, apostam os governadores, pode crescer com a nomeação dos delegados, já que a maioria dos Estados não têm a força de pressão política e de opinião pública de São Paulo.
Entre os anos de 2003 e 2006, o Fundo Nacional de Segurança Pública distribuiu mais de R$ 1 bilhão para projetos em Estados e municípios.

Rio na vanguarda
O primeiro anúncio da onda federal foi do Rio de Janeiro. Em visita ao Palácio do Planalto, o governador Sérgio Cabral (PMDB) pediu uma indicação. Seguiu-a e anunciou o novo secretário, o delegado José Mariano Beltrame.
Beltrame já pediu à PF a liberação de sete policiais federais, todos da área de inteligência, para compor sua equipe.
O Rio de Janeiro, na verdade, foi o Estado de vanguarda na nova onda. Beltrame é o terceiro delegado a ocupar a secretaria de Segurança Pública. Ele sucederá o delegado da PF Roberto Precioso, que, por sua vez, continuou o trabalho do também colega de corporação Marcelo Itagiba.
Além de Beltrame no Rio, estão confirmados como secretários os delegados Paulo Bezerra (BA), Kércio Pinto (SE), Wantuir Jacinni (MS) e Romero Lucena (PE).
No Rio Grande do Sul, a nova governadora, Yeda Crusius (PSDB), ensaiou nomear o delegado da PF Ildo Gasparetto. A idéia foi abortada porque as disputas políticas regionais não permitiram dar carta branca ao policial para preencher todos os cargos da pasta. Assim, o posto ficou para o deputado Ênio Bacci (PDT-RS), mantendo o perfil da segunda onda: indicação de políticos.


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