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Delegados federais assumem secretarias
Cinco governadores escolheram para administrar suas pastas da Segurança Pública funcionários da Polícia Federal
O objetivo é conseguir da União a liberação de verbas para a área de forma mais rápida, como ocorreu com SP após os ataques do PCC
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos 13 governadores que assumiram para um primeiro
mandato, cinco escolheram um
delegado de Polícia Federal para administrar suas secretarias
de Segurança Pública.
As indicações foram realizadas diretamente pela direção
geral da PF e pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública,
a pedido dos novos governadores. Ambos os órgãos fazem
parte da estrutura do Ministério da Justiça.
"É como uma terceira onda:
depois dos generais e dos políticos, agora vivemos uma espécie
de onda federal", diz o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa,
que também é delegado da Polícia Federal.
Ao arriscar uma justificativa
para a opção, Corrêa entende
que a "onda federal" se deve ao
trabalho da PF, que teria conquistado destaque na sociedade, saldo de 250 megaoperações de combate a crimes nos
quatro últimos anos.
"Não quer dizer [que a opção]
dará certo. Mas é uma novidade, e certamente vai dar um caráter mais técnico [à administração da segurança pública]",
afirma Corrêa.
Apoio federal
Os governadores buscam
azeitar as relações com a Polícia Federal, que se transformou
na vitrine do primeiro governo
Lula. Querem garantir rápida
resposta em caso de eventualmente necessitarem de apoio
federal para situações de crise,
como aconteceu por ocasião
dos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da
Capital) no Estado de São Paulo, entre os meses de maio e
agosto do ano passado.
Ao estreitar relações com a
Polícia Federal e, em conseqüência, com o Ministério da
Justiça, os governadores pretendem garantir um lastro político a mais para conseguir a liberação de recursos para a área
de segurança pública.
Na crise do PCC, por exemplo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, conseguiu
para São Paulo a liberação, em
tempo recorde, de R$ 100 milhões no mês de agosto para
que fossem realizados investimentos em sistemas de inteligência policial.
É uma agilidade preciosa,
que, apostam os governadores,
pode crescer com a nomeação
dos delegados, já que a maioria
dos Estados não têm a força de
pressão política e de opinião
pública de São Paulo.
Entre os anos de 2003 e
2006, o Fundo Nacional de Segurança Pública distribuiu
mais de R$ 1 bilhão para projetos em Estados e municípios.
Rio na vanguarda
O primeiro anúncio da onda
federal foi do Rio de Janeiro.
Em visita ao Palácio do Planalto, o governador Sérgio Cabral
(PMDB) pediu uma indicação.
Seguiu-a e anunciou o novo secretário, o delegado José Mariano Beltrame.
Beltrame já pediu à PF a liberação de sete policiais federais,
todos da área de inteligência,
para compor sua equipe.
O Rio de Janeiro, na verdade,
foi o Estado de vanguarda na
nova onda. Beltrame é o terceiro delegado a ocupar a secretaria de Segurança Pública. Ele
sucederá o delegado da PF Roberto Precioso, que, por sua
vez, continuou o trabalho do
também colega de corporação
Marcelo Itagiba.
Além de Beltrame no Rio, estão confirmados como secretários os delegados Paulo Bezerra
(BA), Kércio Pinto (SE), Wantuir Jacinni (MS) e Romero Lucena (PE).
No Rio Grande do Sul, a nova
governadora, Yeda Crusius
(PSDB), ensaiou nomear o delegado da PF Ildo Gasparetto. A
idéia foi abortada porque as
disputas políticas regionais não
permitiram dar carta branca ao
policial para preencher todos
os cargos da pasta. Assim, o
posto ficou para o deputado
Ênio Bacci (PDT-RS), mantendo o perfil da segunda onda: indicação de políticos.
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