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Sem cinto, passageiros do banco de trás sofrem mais fraturas em ossos do rosto
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa recém-divulgada derruba o mito de que andar no banco de trás do carro é
tão seguro que dispensa o uso
do cinto de segurança.
Das vítimas de acidentes de
trânsito que chegaram à emergência do Hospital das Clínicas
de São Paulo, as que tiveram
mais ossos do rosto quebrados
foram justamente os passageiros de trás.
Os motoristas acidentados
chegaram, em média, com 5,54
fraturas na face. Mesmo longe
de volante e do pára-brisa, os
passageiros de trás chegaram
com 7,23 pontos de fratura.
Motivo: deste último grupo,
ninguém usava cinto de segurança na hora do acidente.
"Nos acidentes mais graves,
os ossos ficam esmigalhados",
afirma o cirurgião plástico Alexandre Fonseca, um dos médicos que assinam o estudo.
A pesquisa, publicada na revista médica brasileira "Clinics", foi feita com base nos
prontuários de 56 pessoas acidentadas entre 2001 e 2006. O
número não é alto porque o
Hospital das Clínicas é uma
instituição de referência -recebe só casos complexos.
O Código de Trânsito Brasileiro -que neste mês completa
dez anos- impôs a obrigatoriedade do cinto de segurança a
todos que estão no veículo. O
motorista que permite que passageiros viagem sem cinto no
banco traseiro comete uma infração grave, é multado em R$
127,69 e perde cinco pontos na
carteira de habilitação.
De acordo com dados da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) de São Paulo referentes a 2006, são altos os índices
de motoristas e de passageiros
do banco da frente que usam o
cinto de segurança na cidade
-respectivamente 92,7% e
90,5%. No caso dos passageiros
de trás, o índice é de apenas
10,2%.
"O alerta sobre os riscos de
não usar o cinto no banco de
trás é importante principalmente nesta época de Carnaval,
quando as famílias costumam
viajar pelas estradas com os
carros lotados", diz Fonseca.
O médico Flávio Emir Adura,
presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina
de Tráfego), lembra que protegem o passageiro tanto o cinto
abdominal (de dois pontos)
quanto o que cruza o peito (de
três pontos).
O vigia noturno aposentado
José Silva, 51, diz que não se esquece do acidente de carro na
estrada entre São Paulo e Embu Guaçu cinco anos atrás. Ele
viajava no banco de trás, sem o
cinto. "Não ficou nenhum osso
inteiro na cara", conta.
Internado no Hospital das
Clínicas, Silva teve de se submeter a várias cirurgias. Em situações assim, os ossos da face
precisam ser expostos para serem colocados no lugar. O paciente fica com placas ou parafusos de titânio, que permitem
a cicatrização na posição correta. Há casos em que a mandíbula precisa ficar imobilizada por
dias e dias.
Silva ficou três semanas internado. "O rosto ficou todo
dormente. Era difícil até respirar", lembra ele. Hoje, diz que
não deixa o carro arrancar se algum passageiro não estiver
usando o cinto.
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