São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Sem cinto, passageiros do banco de trás sofrem mais fraturas em ossos do rosto

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa recém-divulgada derruba o mito de que andar no banco de trás do carro é tão seguro que dispensa o uso do cinto de segurança.
Das vítimas de acidentes de trânsito que chegaram à emergência do Hospital das Clínicas de São Paulo, as que tiveram mais ossos do rosto quebrados foram justamente os passageiros de trás.
Os motoristas acidentados chegaram, em média, com 5,54 fraturas na face. Mesmo longe de volante e do pára-brisa, os passageiros de trás chegaram com 7,23 pontos de fratura. Motivo: deste último grupo, ninguém usava cinto de segurança na hora do acidente.
"Nos acidentes mais graves, os ossos ficam esmigalhados", afirma o cirurgião plástico Alexandre Fonseca, um dos médicos que assinam o estudo.
A pesquisa, publicada na revista médica brasileira "Clinics", foi feita com base nos prontuários de 56 pessoas acidentadas entre 2001 e 2006. O número não é alto porque o Hospital das Clínicas é uma instituição de referência -recebe só casos complexos.
O Código de Trânsito Brasileiro -que neste mês completa dez anos- impôs a obrigatoriedade do cinto de segurança a todos que estão no veículo. O motorista que permite que passageiros viagem sem cinto no banco traseiro comete uma infração grave, é multado em R$ 127,69 e perde cinco pontos na carteira de habilitação.
De acordo com dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo referentes a 2006, são altos os índices de motoristas e de passageiros do banco da frente que usam o cinto de segurança na cidade -respectivamente 92,7% e 90,5%. No caso dos passageiros de trás, o índice é de apenas 10,2%.
"O alerta sobre os riscos de não usar o cinto no banco de trás é importante principalmente nesta época de Carnaval, quando as famílias costumam viajar pelas estradas com os carros lotados", diz Fonseca.
O médico Flávio Emir Adura, presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), lembra que protegem o passageiro tanto o cinto abdominal (de dois pontos) quanto o que cruza o peito (de três pontos).
O vigia noturno aposentado José Silva, 51, diz que não se esquece do acidente de carro na estrada entre São Paulo e Embu Guaçu cinco anos atrás. Ele viajava no banco de trás, sem o cinto. "Não ficou nenhum osso inteiro na cara", conta.
Internado no Hospital das Clínicas, Silva teve de se submeter a várias cirurgias. Em situações assim, os ossos da face precisam ser expostos para serem colocados no lugar. O paciente fica com placas ou parafusos de titânio, que permitem a cicatrização na posição correta. Há casos em que a mandíbula precisa ficar imobilizada por dias e dias.
Silva ficou três semanas internado. "O rosto ficou todo dormente. Era difícil até respirar", lembra ele. Hoje, diz que não deixa o carro arrancar se algum passageiro não estiver usando o cinto.


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