São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE

As feiras livres precisam passar por uma reinvenção

KAZUO NAKANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As feiras livres são importantes para a distribuição de frutas, verduras, legumes e peixes frescos, entre outros produtos, em vários lugares da cidade, principalmente nos bairros mais periféricos.
Em muitos desses bairros não há mercados e supermercados privados que ofertam aqueles alimentos saudáveis a preços acessíveis. As antigas hortas e quitandas ou diminuíram ou já desapareceram. Nesses bairros também não há oferta adequada de equipamentos públicos para o abastecimento alimentar como, por exemplo, os conhecidos sacolões.
Ademais, as feiras livres geram emprego e renda.
Existem muitas famílias que tiraram seus sustentos do trabalho duro nessas feiras.
Apesar da importância das feiras livres, há muitas reclamações de moradores cujas residências estão em ruas que recebem, semanalmente, barracas, caixotes e os montes de lixo que sobram ao final dos trabalhos.
Muitos desses moradores reclamam do barulho e dos entraves nas calçadas e em entradas de garagens. É possível que alguns deles gostem de feiras, gostem de estar no meio da animação dos vendedores, mas prefeririam que toda a estrutura estivesse em outra rua.
Nas cidades, os conflitos entre interesses particulares e coletivos são corriqueiros.
O Plano Diretor Estratégico prevê Acordos de Convivência para os casos que não envolvam legislação de uso e ocupação do solo. Tais acordos devem ser mediados e homologados pela prefeitura, que, por meio do trabalho de fiscalização, deve garantir que eles sejam cumpridos.
Temos que pensar em novas formas de organização espacial das feiras livres e novos modos de inserção nos bairros. Pode-se buscar algumas soluções que não se limitem à utilização dos espaços de ruas e calçadas.
É possível utilizar, por exemplo, áreas de estacionamentos, terrenos ociosos acessíveis e bem localizados, espaços livres de equipamentos públicos da cidade.
Os Planos de Bairros, também previstos no Plano Diretor Estratégico, podem definir as melhores opções.
É possível criar uma rede de pequenos equipamentos públicos de abastecimento alimentar distribuídos pelos bairros e articulados com redes de fornecedores formada por pequenos produtores e agricultores familiares localizados próximos da metrópole. As feiras livres não são descartáveis. Precisam ser reinventadas.

KAZUO NAKANO é arquiteto urbanista e doutorando da Unicamp


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