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CHUVAS
Laudo aponta que falhas na obra de drenagem de escola teria provocado deslizamento no morro da Lua
IPT culpa prefeitura por deslizamento
CONRADO CORSALETTE
da "Agora São Paulo"
O deslizamento que matou 12
pessoas na segunda-feira no morro da Lua, no Campo Limpo (zona sul de São Paulo), foi causado
por falhas na obra de drenagem
executada pela SSO (Secretaria de
Serviços e Obras) junto a uma escola municipal.
A conclusão é de um laudo elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que enviou técnicos à favela de Campo
Limpo anteontem.
Toda a água da chuva acabou
sendo despejada sobre o aterro. A
terra não resistiu e cedeu, causando a tragédia na segunda-feira.
O relatório será entregue na semana que vem para a Defesa Civil
Estadual, que o encomendou.
Ainda não há data prevista para a
sua divulgação.
Segundo Eduardo Macedo, geólogo do IPT, um dos técnicos que
elaborou o laudo, duas canaletas
de drenagem do morro da Lua estavam entupidas, devido, provavelmente, ao abandono ou falta
de fiscalização da prefeitura.
Com isso, a água escorria pelo
morro e era jogada para uma terceira canaleta, que desembocava
exatamente sobre o aterro que
deslizou.
"Para que um aterro seja bem
feito, é preciso um solo de boa
qualidade, uma forte compactação e um sistema de drenagem
que funcione. Nesse caso, havia
problemas na drenagem e a água
era jogada no aterro, o que é um
erro", disse Macedo.
Segundo ele, a escola que fica ao
lado de onde houve o deslizamento só não desmoronou porque foi
construída fora da área do aterro.
O deslizamento aconteceu na
noite de segunda-feira. Os bombeiros trabalharam durante toda
a noite para encontrar vítimas.
Ontem, os corpos das vítimas foram enterrados. Horas antes, às
3h25, novo deslizamento no Jardim Capelinha matou mais uma
pessoa.
Os moradores do morro da Lua
já haviam apontado o aterro na
escola como uma das prováveis
causas do acidente.
O secretário da Comunicação
Social da prefeitura, Antenor
Braido, disse que hoje uma equipe
do Contru (Departamento de Uso
e Controle de Imóveis) irá ao local
para fazer um laudo sobre os motivos do deslizamento.
De acordo com o secretário, no
local há duas tubulações da Petrobras -uma de gás e outra de
combustível. Braido lembrou que
o terreno pertence à Eletropaulo
Metropolitana. Ele afirmou que a
prefeitura havia notificado os moradores a abandonarem a área,
mas eles se recusaram.
Em 31 de agosto passado, a prefeitura entrou com um ação na 4ª
Vara, pedindo que a Justiça determine a desocupação do terreno.
Anteontem, o prefeito Celso Pitta disse não acreditar na hipótese
de a obra na escola ter provocado
o deslizamento de terras que causou a morte dos 12 moradores.
Pitta afirmou que os moradores
haviam alterado o talude da área,
o que, segundo ele, teria contribuído para o acidente.
Nova República
Em 1989, um deslizamento semelhante deixou 14 vítimas fatais
na favela Nova República, no Butantã (zona sudoeste). Seis pessoas acabaram condenadas a dois
anos de prisão em regime aberto,
entre elas o empresário dono do
terreno onde ficava o aterro clandestino, dois engenheiros e dois
fiscais da Regional de Butantã. A
prefeitura foi absolvida.
Colaborou Chico de Gois, da Reportagem
Local
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