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São Paulo, domingo, 02 de março de 2003

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CARNAVAL

Vai-Vai, com enredo complexo, não animou as arquibancadas; Águia de Ouro inovou ao mesclar bateria e violinos

Só Gaviões empolga no primeiro desfile

Ayrton Vignola/Folha Imagem
Destaque da escola de samba Gaviões da Fiel, que animou o público do Sambódromo de São Paulo na primeira noite do desfile


DA REPORTAGEM LOCAL

A Gaviões da Fiel, campeã do Carnaval de 2002, foi a escola de samba que mais agitou a arquibancada do Sambódromo de São Paulo no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, marcado pela pouca empolgação do público.
A falta de animação foi notada até por Solon Tadeu Pereira, presidente da Vai-Vai, que costumava levantar a platéia do Anhembi. Com um enredo de difícil encenação -mitos e histórias sobre o cavalo-, a escola não conseguiu ontem fazer seu samba "pegar".
"Estamos vindo de uma semana de drama. O público e alguns componentes ficaram abalados", disse Pereira, referindo-se às mortes em confrontos de blocos das torcidas Tricolor Independente (São Paulo), Mancha Alviverde (Palmeiras) e Pavilhão 9 (Corinthians), na última semana.
A "calmaria" das torcidas se refletiu nos atendimentos policiais: não houve ocorrências graves.
A Gaviões, cujo enredo tratou das cinco regiões brasileiras, teve como torcedores a prefeita Marta Suplicy (PT) e seu marido, Luís Favre. Marta chegou ao Anhembi dizendo que torceria pela "escola mais linda" e não disfarçou o entusiasmo pela Gaviões: esperou pelo desfile e cantou o samba.
Das sete escolas do primeiro dia do Carnaval paulista, quatro "correram" pela avenida. Barroca Zona Sul, Unidos de Vila Maria, Rosas de Ouro e Acadêmicos do Tucuruvi terminaram os desfiles com tempo de sobra. Já a Águia de Ouro, que homenageou a China, quase perdeu pontos por chegar perto do limite de 70 minutos.
A Barroca Zona Sul, que contou a história de Pelé e foi a primeira a desfilar, luta para não voltar ao Grupo de Acesso, do qual saiu em 2002. A Tucuruvi, que falou sobre a imprensa, foi prejudicada por ser a última a desfilar. Entrou por volta das 6h, com as arquibancadas e camarotes quase vazios.
A Unidos de Vila Maria comemorou os 52 anos da via Dutra, fazendo um desfile luxuoso para uma escola considerada pequena. A Rosas de Ouro, que teve mais celebridades, tratou do circuito das frutas no interior paulista e fez uma apresentação com muito brilho e plumas.
A Águia de Ouro foi a escola que trouxe mais inovações ao Carnaval de São Paulo neste ano.
Com o enredo "Quem Tem Olho Grande Já Entra na China", a agremiação da zona oeste fez questão de desfilar a caráter: com cerca de 40 integrantes chineses ou naturalizados brasileiros, de um total de 3.200, e uma seção com demonstrações de festas, danças típicas e artes marciais.
A primeira novidade já foi "ouvida" na bateria do mestre Juca, acompanhada por nove músicos eruditos, entre violinistas e violonistas de diversas orquestras, inclusive da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).
As cordas foram colocadas para ressaltar a melodia, e o arranjo do samba, que incluiu solos, foi criado pelo regente Lino de Almeida.
Na avenida, a Águia colocou 16 chinesas fazendo evoluções com leques, dragões do Ano Novo chinês e, com a ajuda dos integrantes da Federação Paulista de Kung Fu, "coreografias" com bandeiras, golpes, acrobacias e espadas. A escola contou ainda com uma ala composta somente de idosos.
Na Vai-Vai, chamou a atenção do público uma ala dedicada aos deficientes físicos. A escola, que tinha por tema o cavalo, fez das cadeiras de rodas charretes puxadas por animais cenográficos.
Na Unidos de Vila Maria também houve destaque para crianças portadoras de deficiência e, na Barroca Zona Sul, um ritmista cego, tocando cuíca amparado por um guia, disputava os flashes com as rainhas da bateria -a personal trainer Solange Frazão e a ex-miss Brasil Joseane de Oliveira. (ALENCAR IZIDORO, JOÃO CARLOS SILVA, MARIANA VIVEIROS E PALOMA COTES)


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