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Sem remédio, epilético tem crises
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante Diego Pedroso, 19,
sofre de um tipo grave de epilepsia, é tratado no Hospital das Clínicas e retira ali os quatro medicamentos que toma todo dia.
Desde meados de janeiro, sua
mãe, Loide de Almeida Pedroso,
55, diz não encontrar dois dos remédios -Trileptal 300 e Clobazan. Sem eles, Pedroso tem crises
constantes e não pode mais ficar
sozinho. Na semana passada, caiu
e se feriu três vezes -em uma delas precisou ser internado.
Loide Pedroso, separada, dois
filhos, vendedora de alho, disse
que já fez várias queixas nas ouvidorias do HC e da Secretaria de
Estado da Saúde. Também procurou o Ministério Público.
Segundo o promotor João Luiz
Marcondes Junior, o caso de Pedroso foi juntado a uma ação civil
pública que já existe contra o Estado e o HC por falta de medicamentos. O juiz concedeu uma tutela antecipada, o HC recorreu ao
Tribunal de Justiça, mas perdeu.
A falta de remédios pode custar
multas ao Estado e ao HC, e seus
responsáveis podem responder
por improbidade administrativa.
"Cabe à instituição gerenciar
sua farmácia de forma a não deixar que falte o medicamento", diz
Marcondes.
A assessoria do HC mostrou pedidos de compras feitos no dia 17
à Novartis, que fornece o Trileptal
300, e à BH Farma, que fornece o
Clobazan. Elas têm 15 dias para
fazer a entrega, logo, ainda estariam no prazo. O HC afirmou ontem à tarde que os dois remédios
estarão disponíveis na quarta.
José Luiz Martins Lopes, diretor
de vendas institucionais da Novartis, disse que, em caso de urgência, ele pode ser entregar o remédio no mesmo dia. A BH Farma, de Belo Horizonte, informou
que pode fazer isso em dois dias.
A assessoria do HC informou ainda que não espera o estoque zerar
para fazer novo pedido. Ao se
comparar as datas das queixas de
Loide Pedroso, vê-se que não foi
isso que aconteceu.
Uma caixa com 20 comprimidos de Trileptal custa R$ 24,90.
Uma com 20 unidades de Clobazan, R$ 8. O valor da internação
do estudante e dos pontos que levou seriam suficientes para comprar os remédios por um ano.
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