São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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Sem remédio, epilético tem crises

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Diego Pedroso, 19, sofre de um tipo grave de epilepsia, é tratado no Hospital das Clínicas e retira ali os quatro medicamentos que toma todo dia.
Desde meados de janeiro, sua mãe, Loide de Almeida Pedroso, 55, diz não encontrar dois dos remédios -Trileptal 300 e Clobazan. Sem eles, Pedroso tem crises constantes e não pode mais ficar sozinho. Na semana passada, caiu e se feriu três vezes -em uma delas precisou ser internado.
Loide Pedroso, separada, dois filhos, vendedora de alho, disse que já fez várias queixas nas ouvidorias do HC e da Secretaria de Estado da Saúde. Também procurou o Ministério Público.
Segundo o promotor João Luiz Marcondes Junior, o caso de Pedroso foi juntado a uma ação civil pública que já existe contra o Estado e o HC por falta de medicamentos. O juiz concedeu uma tutela antecipada, o HC recorreu ao Tribunal de Justiça, mas perdeu.
A falta de remédios pode custar multas ao Estado e ao HC, e seus responsáveis podem responder por improbidade administrativa.
"Cabe à instituição gerenciar sua farmácia de forma a não deixar que falte o medicamento", diz Marcondes.
A assessoria do HC mostrou pedidos de compras feitos no dia 17 à Novartis, que fornece o Trileptal 300, e à BH Farma, que fornece o Clobazan. Elas têm 15 dias para fazer a entrega, logo, ainda estariam no prazo. O HC afirmou ontem à tarde que os dois remédios estarão disponíveis na quarta.
José Luiz Martins Lopes, diretor de vendas institucionais da Novartis, disse que, em caso de urgência, ele pode ser entregar o remédio no mesmo dia. A BH Farma, de Belo Horizonte, informou que pode fazer isso em dois dias. A assessoria do HC informou ainda que não espera o estoque zerar para fazer novo pedido. Ao se comparar as datas das queixas de Loide Pedroso, vê-se que não foi isso que aconteceu.
Uma caixa com 20 comprimidos de Trileptal custa R$ 24,90. Uma com 20 unidades de Clobazan, R$ 8. O valor da internação do estudante e dos pontos que levou seriam suficientes para comprar os remédios por um ano.


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