São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2004

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Manifestação reúne 450 na USP para reivindicar cotas para negros

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dados da USP (Universidade de São Paulo) são eloqüentes: entre seus estudantes, só 1,3% são negros e 8,34% são pardos.
Ontem, segundo a Polícia Militar, cerca de 450 manifestantes -a maioria pertencente à ONG Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes)- ocuparam a praça do relógio na USP para reivindicar a implementação de cotas para negros. Três faculdades da USP foram ocupadas: a FEA (Faculdade de Economia e Administração), a Escola Politécnica e a ECA (Escola de Comunicação e Artes).
No percurso, a manifestação promoveu discussões entre os estudantes de cada faculdade, que apoiaram ou não a iniciativa.
Depois, 70 estudantes negros foram acorrentados e passaram 70 minutos em frente ao prédio da reitoria. "Isso porque o aniversário da USP [comemorado neste ano] marca também os 70 anos de exclusão do povo negro do ensino público superior", diz Eduardo Pereira Neto, 41, coordenador do setor universitário da Educafro.
"A proposta é pedir ao reitor que implemente cotas para negros como já foi feito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro", diz Heber Costa, 26, da Educafro.
Segundo Sonia Terezinha Penin, pró-reitora de graduação da universidade, "o que está em questão na universidade não é o sistema de cotas, mas as ações afirmativas, não só para grupos raciais mas também para os grupos socioeconômicos desprivilegiados". Ela diz que o acesso à universidade será discutido entre abril e maio, e o Cruesp (conselho que reúne reitores da USP, Unicamp e Unesp) já propôs ao Estado a criação de um quarto ano opcional no ensino médio, que serviria como preparatório ao vestibular, com apoio das universidades públicas estaduais.


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