São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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SEM PISTAS

Diretor de teatro é morto

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

Exames realizados pela Polícia Federal confirmaram, anteontem, que o corpo encontrado no último dia 24, em Itaquaquecetuba (Grande São Paulo), é do diretor de teatro peruano Lino Rojas Perez, 62, que estava desaparecido havia nove dias.
O corpo estava parcialmente carbonizado e só pôde ser identificado por meio da comparação das digitais de Rojas.
Segundo a família, o diretor foi visto pela última vez em um bar no centro da capital. O carro dele foi achado queimado, no dia 22, em São Miguel Paulista (zona leste). O bloqueio da conta corrente e dos cartões da vítima só foi feito no terceiro dia. A família diz que foram efetuados saques e descontados cheques nesse período.
O caso é investigado como latrocínio (roubo seguido de morte), mas ainda não há pistas dos criminosos. Policiais também admitiram a hipótese de Rojas ter sido vítima do golpe "boa- noite-cinderela". A família descarta.

Ação social
O diretor desenvolvia projetos de grupos e teatro com jovens em bairros da periferia de São Paulo.
O assassinato de Rojas espelha a violência nas periferias -é claro, também desabrigadas de cultura-, nas quais atuava preferencialmente desde sua chegada ao Brasil em meados da década de 70. No final dos anos 80, criou a Companhia Artística Pombas Urbanas na mesma região onde seu carro foi queimado e o corpo, dias depois, encontrado carbonizado.
Há meses, a companhia virou instituto e montou sede em Cidade Tiradentes, no extremo leste. Rojas conjugava teatro como ação social. Era militante do que entendia por arte transformadora, comunitária no rés-do-chão e na utopia, herança política dos estudos e de grupos independentes em Lima, como o Yuyachkani, um dos mais significativos conjuntos à esquerda da cena latino-americana, em atividade há 34 anos. Afirmação de identidade e cidadania compõem a base do corpo e da dramaturgia nos espetáculos de Rojas e Pombas Urbanas.


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