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SEM PISTAS
Diretor de teatro é morto
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Exames realizados pela Polícia
Federal confirmaram, anteontem,
que o corpo encontrado no último dia 24, em Itaquaquecetuba
(Grande São Paulo), é do diretor
de teatro peruano Lino Rojas Perez, 62, que estava desaparecido
havia nove dias.
O corpo estava parcialmente
carbonizado e só pôde ser identificado por meio da comparação
das digitais de Rojas.
Segundo a família, o diretor foi
visto pela última vez em um bar
no centro da capital. O carro dele
foi achado queimado, no dia 22,
em São Miguel Paulista (zona leste). O bloqueio da conta corrente
e dos cartões da vítima só foi feito
no terceiro dia. A família diz que
foram efetuados saques e descontados cheques nesse período.
O caso é investigado como latrocínio (roubo seguido de morte), mas ainda não há pistas dos
criminosos. Policiais também admitiram a hipótese de Rojas ter sido vítima do golpe "boa- noite-cinderela". A família descarta.
Ação social
O diretor desenvolvia projetos
de grupos e teatro com jovens em
bairros da periferia de São Paulo.
O assassinato de Rojas espelha a
violência nas periferias -é claro,
também desabrigadas de cultura-, nas quais atuava preferencialmente desde sua chegada ao
Brasil em meados da década de
70. No final dos anos 80, criou a
Companhia Artística Pombas Urbanas na mesma região onde seu
carro foi queimado e o corpo, dias
depois, encontrado carbonizado.
Há meses, a companhia virou
instituto e montou sede em Cidade Tiradentes, no extremo leste.
Rojas conjugava teatro como ação
social. Era militante do que entendia por arte transformadora, comunitária no rés-do-chão e na
utopia, herança política dos estudos e de grupos independentes
em Lima, como o Yuyachkani,
um dos mais significativos conjuntos à esquerda da cena latino-americana, em atividade há 34
anos. Afirmação de identidade e
cidadania compõem a base do
corpo e da dramaturgia nos espetáculos de Rojas e Pombas Urbanas.
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