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URBANISMO
CET recusou idéia na gestão Marta por temer acidentes; proposta de permitir carro, cogitada por Serra, preocupa tucanos
Estudo vê risco em abertura de calçadão
ALENCAR IZIDORO
AMARÍLIS LAGE
REPORTAGEM LOCAL
A proposta de abertura de calçadões do centro de São Paulo ao
tráfego de veículos, cogitada pela
equipe do prefeito José Serra
(PSDB), já foi alvo de estudo da
CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego) há menos de dois
anos, na gestão Marta Suplicy
(PT), mas acabou rejeitada sob a
alegação de que aumentaria os
riscos de atropelamento, deixaria
entupidas as ruas do entorno por
falta de vagas de estacionamento e
estimularia a utilização da área
somente para cortar caminho.
A idéia é polêmica entre especialistas, tem seus defensores, mas
enfrenta a resistência até mesmo
de tucanos históricos, como Cláudio de Senna Frederico, ex-secretário dos Transportes Metropolitanos do governo Covas/Alckmin
e que ajudou na elaboração do
programa de governo de Serra.
A intenção tucana foi manifestada pelo subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, a partir de sugestão da associação Viva o Centro,
para quem a maior flexibilidade
nos acessos aos espaços reservados para pedestres desde os anos
70 ajudaria a revitalizar a área.
Matarazzo diz que analisa a viabilidade de abrir todos os calçadões do centro e que os estudos
devem ficar prontos em dez dias.
Segundo ele, alguns poderão ser
abertos aos veículos 24 horas por
dia, uns só no período da noite e
outros em nenhuma ocasião.
Ele cogita ainda a possibilidade
de todos terem canaletas reservadas para carros de serviço, como
da polícia e de ambulâncias. Entre
alguns alvos preferenciais estão os
espaços do vale do Anhangabaú.
O tema é visto com preocupação por integrantes da própria
gestão Serra. "Em São Paulo, a
pressão dos automóveis é tão violenta que há perigo de perder os
calçadões de uma vez, que os carros tomem conta e degradem ainda mais", afirma Cândido Malta,
urbanista nomeado pelo prefeito
como conselheiro da Emurb
(Empresa Municipal de Urbanização), para quem a discussão
merece "muita prudência".
O estudo da CET na administração Marta Suplicy fez um mapeamento da circulação e dos acidentes nos calçadões da rótula central
e nas vias de tráfego seletivo do
entorno. Ele identificou que algumas áreas chegam a receber mais
de 10 mil pedestres por hora, superior à população inteira de quase metade dos municípios do Brasil. O calçadão da Barão de Itapetininga é um dos casos, localizado
numa região que também está entre os alvos da equipe tucana.
Os riscos de potencializar acidentes foram levantados a partir
da situação das vias próximas.
Mesmo tendo um tráfego seletivo
e controlado, que não permite altas velocidades, por exemplo, a
rua Sete de Abril teve registrados
três acidentes com vítima, nove
sem vítima e dois atropelamentos
num intervalo de 12 meses.
O viaduto do Chá, rodeado por
calçadões e com tráfego misto, teve seis acidentes com vítimas, 12
sem vítima e dez atropelamentos
nesse período.
Até espaços supostamente exclusivos para pedestres, mesmo
com restrição ao trânsito motorizado, já chegaram a computar
acidentes, por haver falhas no
controle -na própria Barão de
Itapetininga, ocorreram dois
atropelamentos em 1999.
Os dados levantados levaram à
rejeição da idéia de mudança nos
calçadões, mesmo com a entrada
restrita de veículos, por considerar que os riscos já existentes no
entorno se repetiriam.
O estudo considerou ainda haver uma oferta de vagas para estacionar na região inferior à demanda -43 mil, contra 48 mil.
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