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Técnicos defendem acesso restrito
DA REPORTAGEM LOCAL
Urbanistas e engenheiros de
tráfego ouvidos pela Folha se dividem sobre a discussão, mas a
aceitação da abertura de calçadões ao tráfego de veículos costuma ser somente em condições
restritas -como no período noturno ou só para taxistas e moradores, de forma a incentivar a
ocupação no centro paulistano.
Mesmo assim, todos concordam que seria indispensável um
sistema de fiscalização rígido.
Os defensores consideram que
os calçadões, ao impedir os acessos dos veículos, afastaram a
clientela de renda mais elevada,
contribuindo para a degradação.
Os opositores, além dos perigos
de atropelamentos e de transformação dos espaços em rotas de
fuga, retomam um debate mundial da mobilidade, com a priorização de áreas para pedestres.
Eduardo Alcântara Vasconcellos, engenheiro e sociólogo, afirma ser preciso cautela, mas não
descarta os benefícios das mudanças. "Vale a pena repensar,
mas sem ferir princípios essenciais. É indispensável manter a
prioridade ao pedestre", diz.
Eduardo Daros, presidente da
Abraspe (Associação Brasileira de
Pedestres), afirma considerar a
possibilidade apenas onde "há
abundância de espaço", como no
vale do Anhangabaú.
Nazareno Affonso, da ANTP
(Associação Nacional de Transportes Públicos), diz que a idéia
não se justifica onde há movimento grande de pedestres, mas
poderia ser cogitada à noite. "O
carro teria que entrar a 6 km/h,
pedindo licença para passar."
Para o urbanista João Valente,
nenhuma das opções (conservar
o calçadão como está ou abrir as
vias para o trânsito) é adequada.
Valente participou, há quatro
anos, de um projeto que instituiu
calçadões em Barretos (SP).
"Os calçadões foram bons durante um tempo, mas não responderam a tudo que o centro precisa. A área dos calçadões é muito
extensa e prejudica o pedestre,
principalmente aqueles com dificuldades de locomoção. Além de
matar a região fora do horário comercial", diz. Já a presença de carros, segundo ele, não condiz com
a largura das ruas e geraria conflito com os pedestres.
A proposta do urbanista é a
adoção de um veículo como os
antigos bondes, que dessem mobilidade aos usuários sem abrir o
espaço para o trânsito.
(AI)
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