São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Técnicos defendem acesso restrito

DA REPORTAGEM LOCAL

Urbanistas e engenheiros de tráfego ouvidos pela Folha se dividem sobre a discussão, mas a aceitação da abertura de calçadões ao tráfego de veículos costuma ser somente em condições restritas -como no período noturno ou só para taxistas e moradores, de forma a incentivar a ocupação no centro paulistano.
Mesmo assim, todos concordam que seria indispensável um sistema de fiscalização rígido.
Os defensores consideram que os calçadões, ao impedir os acessos dos veículos, afastaram a clientela de renda mais elevada, contribuindo para a degradação.
Os opositores, além dos perigos de atropelamentos e de transformação dos espaços em rotas de fuga, retomam um debate mundial da mobilidade, com a priorização de áreas para pedestres.
Eduardo Alcântara Vasconcellos, engenheiro e sociólogo, afirma ser preciso cautela, mas não descarta os benefícios das mudanças. "Vale a pena repensar, mas sem ferir princípios essenciais. É indispensável manter a prioridade ao pedestre", diz.
Eduardo Daros, presidente da Abraspe (Associação Brasileira de Pedestres), afirma considerar a possibilidade apenas onde "há abundância de espaço", como no vale do Anhangabaú.
Nazareno Affonso, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), diz que a idéia não se justifica onde há movimento grande de pedestres, mas poderia ser cogitada à noite. "O carro teria que entrar a 6 km/h, pedindo licença para passar."
Para o urbanista João Valente, nenhuma das opções (conservar o calçadão como está ou abrir as vias para o trânsito) é adequada. Valente participou, há quatro anos, de um projeto que instituiu calçadões em Barretos (SP).
"Os calçadões foram bons durante um tempo, mas não responderam a tudo que o centro precisa. A área dos calçadões é muito extensa e prejudica o pedestre, principalmente aqueles com dificuldades de locomoção. Além de matar a região fora do horário comercial", diz. Já a presença de carros, segundo ele, não condiz com a largura das ruas e geraria conflito com os pedestres.
A proposta do urbanista é a adoção de um veículo como os antigos bondes, que dessem mobilidade aos usuários sem abrir o espaço para o trânsito. (AI)


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