São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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Projeto é inspirado em Barcelona

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto apresentado pela associação Viva o Centro ao prefeito José Serra (PSDB), ainda durante a campanha, prevê uma reformulação do Vale do Anhangabaú, inspirado nas ramblas de Barcelona, onde o calçadão é localizado entre vias abertas a veículos.
No largo Paissandu, seriam abertas duas vias paralelas, cada uma com 7 m de largura. No meio haveria um calçadão de 8 m de largura, pelo qual o pedestre atravessaria o vale do Anhangabaú e chegar à Líbero Badaró.
Embora o vale continuasse majoritariamente destinado a pedestres, algumas vias seriam abertas no local. Para atravessá-las, porém, o pedestre não precisaria de faixas ou semáforos, pois o projeto prevê pequenas passagens de nível, de modo que os carros passassem sob o cruzamento.
A avaliação da associação é que a mudança ajudaria a revitalizar a região, aumentando a mobilidade dos usuários. A previsão é que a obra possa ser feita em quatro meses, com custos de aproximadamente R$ 12 milhões.
Segundo Marco Antonio Ramos de Almeida, o projeto foi apresentado apenas a Marta Suplicy (PT) durante a campanha passada, além de Serra. A questão dos calçadões já havia sido apresentada a Marta no início de sua gestão, mas em outro formato.
Segundo ele, a entidade fez, no mandato de Celso Pitta, um estudo de nove meses sobre os calçadões do centro da cidade. O trabalho gerou um documento no qual eram feitas aproximadamente 60 sugestões -a principal, diz Almeida, era que todos os calçadões deveriam ter um leito carroçável, para disciplinar a passagem de carros de serviço (Eletropaulo, Corpo de Bombeiros, bancos etc), que já circulam na região.
Esse estudo foi apresentado a Marta Suplicy no início de sua gestão. Entretanto, ressalta o presidente da Viva o Centro, o trabalho não era acompanhado de um projeto urbanístico fechado.
"Nós sugeríamos que a prefeitura fizesse uma revisão dos calçadões e dávamos algumas recomendações." Segundo ele, a idéia era ver que vias poderiam deixar de ser calçadões e descobrir outras, em que passa carro, que devam ser fechada para pedestres.
Ele diz, porém, não ter recebido resposta da prefeitura e não saber se o estudo da CET foi feito com base no documento do órgão.
Almeida afirma que as conclusões da CET não são suficientes para descartar a possibilidade de abrir os calçadões. "Os atropelamentos que eles citam só ocorreram porque hoje os calçadões têm um trânsito indisciplinado, o que reforça a nossa proposta de que todos deveriam ter um leito carroçável, para que o pedestre ao menos soubesse onde o carro da polícia, por exemplo, vai passar numa emergência."
Quanto à pouca disponibilidade de vagas, ele diz que isso não deve ser motivo para impedir a circulação de veículos. "Podemos ter ali um trânsito de passagem. Os táxis, por exemplo, deixam a pessoa no endereço e vão embora."
A oferta de transporte público não resolve o problema da acessibilidade, diz Almeida, porque há pessoas que dependem do carro. "O alto executivo de uma empresa não vai vir para cá de ônibus. Então precisamos dar a ele a opção de vir de carro e, aos funcionários, de usar o transporte público. Isso é melhor para a cidade do que deixar a empresa ir para a região da Berrini, onde tanto o executivo como os funcionários só poderão ir de carro."
O subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, disse, por meio de sua assessoria, que a prefeitura não concluiu o estudo que avalia a possibilidade de abrir calçadões do centro ao trânsito de veículos.


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