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SAÚDE
Meta é evitar falta de droga anti-Aids
Governo acompanhará compras de laboratórios
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, disse ontem que uma das
medidas a serem adotadas para
aperfeiçoar o programa de medicamentos anti-retrovirais, destinados a pacientes com Aids, será
o acompanhamento permanente
das encomendas feitas pelos laboratórios oficiais.
A medida visa evitar que o governo demore a saber de possíveis
faltas de matéria-prima.
Segundo Costa, o ministério só
ficou sabendo do atraso na entrega da matéria-prima para a produção de medicamentos no Brasil
60 dias depois. "Não recebemos a
informação dos laboratórios. Eles
avisaram 60 dias depois de a matéria-prima já estar atrasada", disse o ministro à Folha.
O atraso do fabricante indiano
na entrega de matéria-prima para
os laboratórios brasileiros oficiais
que produzem AZT foi o motivo
apontado pelo governo para a crise no abastecimento de remédios
para pacientes com Aids.
Desde o início de fevereiro, os
Estados vinham registrando falta
localizada de anti-retrovirais produzidos a partir do AZT. O problema se agravou na segunda
quinzena do mês, quando pacientes ficaram sem medicamento, e o
caso veio à tona.
Ao ser questionado sobre a informação dada pelo próprio ministério no último dia 18 de que
em dezembro o fornecedor indiano informou que atrasaria dois
meses o envio da matéria-prima,
Costa respondeu: "Se tivéssemos
sido avisados no primeiro dia, teríamos tomado as providências
que tomamos agora".
Após a divulgação do problema,
o Ministério da Saúde importou
três toneladas de remédios da Argentina. Uma carga emergencial
de Atazanavir também foi trazida
dos Estados Unidos. Hoje, os Estados devem começar a receber a
produção dos laboratórios oficiais brasileiros, normalizada
com a chegada da matéria-prima
vinda da Índia.
Em São Paulo, o Estado com
maior número de pacientes atendidos, a distribuição está sendo
regularizada, segundo a coordenação estadual do programa
DST-Aids. Os estoques ainda são
baixos, mas os pacientes voltaram
a receber a medicação.
No total, há 150 mil beneficiados com a distribuição de anti-retrovirais no país.
O ministro disse ainda que o governo vai ampliar o estoque
emergencial de anti-retrovirais e
fará acompanhamento semanal
da quantidade disponível nos Estados. "Não será uma informação
apenas no papel. Vamos confirmar os dados", disse Costa.
Ao tratar da demissão do ex-secretário de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos da pasta
Luiz Carlos Bueno de Lima, o ministro classificou o assunto de
"resolvido e já superado".
Lima acusou publicamente o
ministro de ignorar alertas sobre
a possibilidade de falta de medicamentos de Aids na rede pública
e de ingerências na secretaria.
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