São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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SAÚDE

Meta é evitar falta de droga anti-Aids

Governo acompanhará compras de laboratórios

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Saúde, Humberto Costa, disse ontem que uma das medidas a serem adotadas para aperfeiçoar o programa de medicamentos anti-retrovirais, destinados a pacientes com Aids, será o acompanhamento permanente das encomendas feitas pelos laboratórios oficiais.
A medida visa evitar que o governo demore a saber de possíveis faltas de matéria-prima.
Segundo Costa, o ministério só ficou sabendo do atraso na entrega da matéria-prima para a produção de medicamentos no Brasil 60 dias depois. "Não recebemos a informação dos laboratórios. Eles avisaram 60 dias depois de a matéria-prima já estar atrasada", disse o ministro à Folha.
O atraso do fabricante indiano na entrega de matéria-prima para os laboratórios brasileiros oficiais que produzem AZT foi o motivo apontado pelo governo para a crise no abastecimento de remédios para pacientes com Aids.
Desde o início de fevereiro, os Estados vinham registrando falta localizada de anti-retrovirais produzidos a partir do AZT. O problema se agravou na segunda quinzena do mês, quando pacientes ficaram sem medicamento, e o caso veio à tona.
Ao ser questionado sobre a informação dada pelo próprio ministério no último dia 18 de que em dezembro o fornecedor indiano informou que atrasaria dois meses o envio da matéria-prima, Costa respondeu: "Se tivéssemos sido avisados no primeiro dia, teríamos tomado as providências que tomamos agora".
Após a divulgação do problema, o Ministério da Saúde importou três toneladas de remédios da Argentina. Uma carga emergencial de Atazanavir também foi trazida dos Estados Unidos. Hoje, os Estados devem começar a receber a produção dos laboratórios oficiais brasileiros, normalizada com a chegada da matéria-prima vinda da Índia.
Em São Paulo, o Estado com maior número de pacientes atendidos, a distribuição está sendo regularizada, segundo a coordenação estadual do programa DST-Aids. Os estoques ainda são baixos, mas os pacientes voltaram a receber a medicação.
No total, há 150 mil beneficiados com a distribuição de anti-retrovirais no país.
O ministro disse ainda que o governo vai ampliar o estoque emergencial de anti-retrovirais e fará acompanhamento semanal da quantidade disponível nos Estados. "Não será uma informação apenas no papel. Vamos confirmar os dados", disse Costa.
Ao tratar da demissão do ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta Luiz Carlos Bueno de Lima, o ministro classificou o assunto de "resolvido e já superado".
Lima acusou publicamente o ministro de ignorar alertas sobre a possibilidade de falta de medicamentos de Aids na rede pública e de ingerências na secretaria.


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