São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Bingo Circus usa segurança clandestina

Policiais civis que participam da investigação confirmam que casa contrata PMs e guardas-civis em horário de folga

Segundo a PF, o bingo não pode contratar seguranças "avulsos" armados para fazer a proteção da empresa e de seus clientes

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os seguranças que trabalham para o bingo Circus Club, que, segundo testemunhas, participaram do tiroteio anteontem em Moema, trabalham de maneira ilegal. Policiais civis, que participam da investigação do caso, confirmaram à Folha que o bingo contrata policiais militares e guardas-civis em horário de folga -o que é proibido pelo regulamento das duas corporações. Outra irregularidade foi apontada pela Polícia Federal, órgão responsável pelo registro das empresas de segurança. Segundo a PF, o bingo não pode contratar seguranças "avulsos" armados para fazer a proteção da empresa e de seus clientes.
Para isso, a casa precisaria contratar uma empresa legalizada -com registro na PF- ou criar um corpo próprio de seguranças, mas seguindo critérios rigorosos para aprovação de funcionamento -como treinamentos de capacitação. A polícia investiga se o guarda-civil que deu o primeiro tiro durante o assalto a banco em Moema trabalhava como segurança do bingo. Em depoimento à Polícia Civil, o guarda -que não teve o nome divulgado- confirmou ter iniciado a troca de tiros, alegando legítima defesa, mas negou ser funcionário do bingo. Ainda segundo a Folha apurou, trabalham na segurança da casa de jogos entre seis e oito pessoas por turno de trabalho.
Todos seriam policiais militares e guarda municipais. O regulamento interno das duas corporações não permite aos seus funcionários o trabalho de segurança particular, o chamado "bico". São previstas punições caso seja comprovado esse tipo de trabalho.
O major Jorge Peixoto Frisene, 52, comandante do 12º batalhão, responsável pela área de Moema, disse não ter informações sobre o trabalho de policiais na segurança da casa de jogos nem se a equipe de segurança trabalha ilegalmente. Ainda segundo a PF, não há registro de autorização de funcionamento em nome da Circus Club, mas ele pode estar na razão social da empresa. Às 18h30 de ontem, essa verificação não foi possível porque o departamento já estava fechado, segunda a polícia. O bingo divulgou nota sobre o tiroteio, mas não se manifestou sobre as irregularidades apontadas.


Colaboraram ANDRÉ CARAMANTE e KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local


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