São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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Briga acelera fim de motim

em Belém

A morte dos três principais líderes da rebelião no presídio São José, em Belém, pode ter acelerado o fim do motim iniciado anteontem.
No início da manhã de ontem, os presos José Augusto Viana David, o Ninja, Francenildo Pereira e um terceiro identificado apenas como Carequinha teriam se desentendido e acabaram sendo mortos dentro da prisão.
Com a morte dos líderes, os demais presos acabaram se rendendo na tarde de ontem após negociação com a Polícia Militar.
O corpo de Ninja -o primeiro a ser morto- foi colocado em frente ao portão principal do presídio São José, depois de ter ficado exposto em cima do telhado do prédio. Como o clima estava tenso, os policiais militares levaram horas até conseguirem se aproximar do corpo e identificá-lo.
Os corpos dos outros dois líderes ficaram dentro do presídio.
Segundo a polícia, Ninja teria sido assassinado por Carequinha. Os demais presos teriam ficado revoltados com a morte de Ninja e teriam assassinado Carequinha e Pereira.
Para encerrar a rebelião, os presos exigiram que fosse dada permissão para que seus parentes entrassem na prisão, já que ontem era dia de visitação.
Na negociação. o comando da PM afirmou que só liberaria a entrada dos parentes em troca da liberação dos reféns e entrega das armas. Os presos aceitaram.
O padre João Maria Sandorem e os agentes prisionais foram os primeiros a serem liberados. Horas depois, os outros três reféns foram soltos.
Antes das negociações serem encerradas, os detentos chegaram a brigar entre si sobre o telhado do presídio.
O preso Cláudio Gomes da Silva foi jogado pelos próprios detentos de uma altura de 20 metros. Já no chão, ele foi atingido por telhas, pedaços de madeira e pedras, atirados pelos detentos que permaneciam em cima do prédio. Silva estava, até as 18h de ontem, gravemente ferido.
O detento ferido foi retirado por policiais militares.
O agente prisional feito refém, identificado apenas por Samuel, teria se jogado do alto do prédio e quebrado as duas pernas. (LS)
A Polícia Militar terminou a revista nas celas do presídio São José por volta das 19h. Segundo a PM, três armas foram apreendidas -um revólver calibre 22 e dois revólveres calibre 38.
Para a PM, cerca de 50 detentos participaram da rebelião.
Os presos rebelados atiraram do alto da parte de trás do presídio o corpo do líder identificado apenas como "Carequinha". O corpo de "Ninja" foi descido do alto do prédio amarrado a uma corda. O terceiro corpo -do detento Francenildo Pereira- não chegou a ser atirado do alto.



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