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Governo pode desistir da proposta
de federalizar presídio do Piauí
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
O governo federal deve voltar
atrás na intenção de instalar o primeiro presídio federal no Piauí
por causa da repercussão negativa
no Estado. Ontem, o Ministério
da Justiça informou, por meio de
sua assessoria, que "dificilmente"
a federalização da Penitenciária
Irmão Guido (a 15 km de Teresina) será feita agora, por causa dos
problemas causados pela "divulgação prematura" do assunto.
Segundo a assessora Marina
Oliveira, o que prejudicou a negociação foi o anúncio de que o traficante Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, seria levado para lá depois que a reforma
da penitenciária ficasse pronta.
Entidades como a OAB, o Ministério Público Federal e a Câmara Municipal de Teresina se manifestaram contra a transferência e a
federalização. Depois disso, o governador Wellington Dias (PT)
descartou a hipótese de receber o
traficante.
O diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Angelo
Roncalli, esteve no Piauí na semana passada com dois técnicos do
Ministério da Justiça. Os peritos
concluíram que as condições do
presídio são insatisfatórias.
As paredes do presídio, que foi
concluído em julho e ainda não
foi inaugurado, já apresentam rachaduras. Ele foi danificado depois que cerca de 50 menores, que
estavam lá provisoriamente, fizeram uma rebelião em janeiro.
O procurador da República
Kelston Lages entrou ontem com
uma ação cautelar solicitando que
não seja feita nenhuma reforma
antes que uma perícia apure se
houve desvio de verbas ou uso de
material inadequado na obra.
A Agência Folha não conseguiu
localizar os advogados do ex-governador Hugo Napoleão (PFL).
Ontem de manhã, em Maceió,
Beira-Mar reclamou de cólicas e
dores no estômago e recebeu
atendimento médico.
Thomaz Bastos
Numa autocrítica pública, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, disse ontem que "não deveria ter falado" sobre a ida de
Beira-Mar para o Piauí.
"Se eu não tivesse anunciado,
talvez tivesse feito a reforma sem
ninguém saber. Mas acho que isso
talvez também fosse um erro."
Em reunião com o ministro, os
senadores Alberto Silva (PMDB),
Heráclito Fortes (PFL) e Mão Santa (PMDB) criticaram a proposta
de federalizar o presídio, seja pela
localização -na região metropolitana da capital-, seja porque o
Estado perderia autonomia.
"Aceitamos e consideramos
normal essa reação", disse Bastos,
que deve se reunir hoje com o governador do Piauí.
Colaboraram a Agência Folha, em Recife,
a Sucursal de Brasília e free-lance para a
Agência Folha, em Maceió
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