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Para Inca, problema está na falta de recursos para procedimentos; 9% das cidades têm o aparelho -1.504 unidades
Acesso a exame de mamógrafo é dificultado
DA REPORTAGEM LOCAL
Até o ano passado, apenas 9%
dos municípios brasileiros possuíam mamógrafos, segundo dados da SBM (Sociedade Brasileira
de Mastologia) e do Inca. Eram
1.504 aparelhos para uma população-alvo de 21 milhões de mulheres (de 40 a 69 anos), que deveriam fazer uma mamografia bienal ao menos.
Especialistas afirmam que a dificuldade de acesso à mamografia
é uma das razões para que 65%
dos tumores de mama sejam detectados no país já em fase avançada -nódulos de 3 cm a 4 cm.
Para o Inca, os mamógrafos
existentes são suficientes para
atender a população-alvo do exame. Os problemas seriam os limites financeiros dos municípios
para custear os exames e o fato de
os equipamentos estarem concentrados nos grandes centros.
Segundo Ézio Novais, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, o fato de ter o mamógrafo
não quer dizer que ele opere na
capacidade máxima. Às vezes, diz
ele, as cotas de exames esgotam
nos primeiros dez dias.
Na opinião de Edmundo
Mauad, diretor-técnico do Hospital de Câncer de Barretos, além
dos exames de prevenção, é fundamental que exista uma instituição aparelhada, com médicos especialistas, para fazer o tratamento e acompanhamento dos resultados positivos.
"Não adianta só fazer exames.
Quando detectado o câncer, o tratamento deve ser eficaz e rápido
para que as chances de cura sejam
reais", afirmou.
O hospital possui há três anos
um programa-modelo de prevenção ao câncer de mama. Por meio
de parceria com a Secretaria Estadual da Saúde, dois ônibus equipado com mamógrafo ("mamamóvel") percorrem a periferia de
cidades da região de Barretos para
realizar exames gratuitos a mulheres de baixa renda. Quando detectado o câncer, elas são imediatamente tratadas no hospital.
Enquanto na rede pública a briga ainda é pela mamografia -um
exame que existe há mais de 20
anos-, nos hospitais particulares
de São Paulo já é comum o uso da
ressonância magnética, que é
mais eficaz que a mamografia no
diagnóstico do tumor em mulheres jovens. A mamografia não detecta de 10% a 15% dos casos de
câncer de mama.
O motivo é a densidade do tecido mamário de muitas mulheres,
principalmente as mais jovens,
que não permite a visualização
dos tumores. Na mamografia, esses tecidos aparecem brancos, dificultando a visão de um possível
tumor, que também fica com essa
cor. As mamas gordurosas levam
mais vantagem (a gordura aparece escura).
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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