São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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Para Inca, problema está na falta de recursos para procedimentos; 9% das cidades têm o aparelho -1.504 unidades

Acesso a exame de mamógrafo é dificultado

DA REPORTAGEM LOCAL

Até o ano passado, apenas 9% dos municípios brasileiros possuíam mamógrafos, segundo dados da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) e do Inca. Eram 1.504 aparelhos para uma população-alvo de 21 milhões de mulheres (de 40 a 69 anos), que deveriam fazer uma mamografia bienal ao menos.
Especialistas afirmam que a dificuldade de acesso à mamografia é uma das razões para que 65% dos tumores de mama sejam detectados no país já em fase avançada -nódulos de 3 cm a 4 cm.
Para o Inca, os mamógrafos existentes são suficientes para atender a população-alvo do exame. Os problemas seriam os limites financeiros dos municípios para custear os exames e o fato de os equipamentos estarem concentrados nos grandes centros.
Segundo Ézio Novais, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, o fato de ter o mamógrafo não quer dizer que ele opere na capacidade máxima. Às vezes, diz ele, as cotas de exames esgotam nos primeiros dez dias.
Na opinião de Edmundo Mauad, diretor-técnico do Hospital de Câncer de Barretos, além dos exames de prevenção, é fundamental que exista uma instituição aparelhada, com médicos especialistas, para fazer o tratamento e acompanhamento dos resultados positivos.
"Não adianta só fazer exames. Quando detectado o câncer, o tratamento deve ser eficaz e rápido para que as chances de cura sejam reais", afirmou.
O hospital possui há três anos um programa-modelo de prevenção ao câncer de mama. Por meio de parceria com a Secretaria Estadual da Saúde, dois ônibus equipado com mamógrafo ("mamamóvel") percorrem a periferia de cidades da região de Barretos para realizar exames gratuitos a mulheres de baixa renda. Quando detectado o câncer, elas são imediatamente tratadas no hospital.
Enquanto na rede pública a briga ainda é pela mamografia -um exame que existe há mais de 20 anos-, nos hospitais particulares de São Paulo já é comum o uso da ressonância magnética, que é mais eficaz que a mamografia no diagnóstico do tumor em mulheres jovens. A mamografia não detecta de 10% a 15% dos casos de câncer de mama.
O motivo é a densidade do tecido mamário de muitas mulheres, principalmente as mais jovens, que não permite a visualização dos tumores. Na mamografia, esses tecidos aparecem brancos, dificultando a visão de um possível tumor, que também fica com essa cor. As mamas gordurosas levam mais vantagem (a gordura aparece escura). (CLÁUDIA COLLUCCI)


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