São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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PROTESTO

No Alto de Pinheiros, local é palco também de relações sexuais e festas

Moradores reclamam de uso de drogas em praça

DA REPORTAGEM LOCAL

Dizendo-se cansados de não conseguir dormir à noite e do medo de sair de casa, os moradores vizinhos à praça do Pôr-do-Sol (zona oeste de São Paulo) lançam hoje um manifesto para pedir a intervenção do poder público.
Há alguns anos, a praça, no Alto de Pinheiros, virou ponto de venda e de consumo de drogas e bebidas alcoólicas. À noite, também é comum ver pessoas tendo relações sexuais em carros e ouvir gritarias e confusões, que incomodam os moradores da região, de classe média alta.
Anteontem, o repórter-fotográfico da Folha flagrou um casal fazendo sexo oral na praça, às 20h30. No horário, não havia ninguém consumindo drogas.
Segundo o manifesto que a Sociedade dos Amigos da Região da Praça do Pôr-do-Sol lança hoje, "os freqüentadores pacíficos do local, muitos deles crianças, são obrigados a conviver, na manhã seguinte, com os dejetos da noite anterior: cacos de vidro, seringas descartáveis, preservativos usados e restos de drogas".
Há um mês, a Polícia Militar chegou a instalar uma base móvel na praça, depois de reportagens divulgarem que o local era "território livre" para a prática de atividades ilegais. Mas, como a experiência durou apenas duas semanas, aos poucos tudo voltou a ser o que era, de acordo com moradores da região.

PM vai intensificar ronda
O comandante-geral da PM, coronel Alberto Silveira Rodrigues, afirmou que os policiais têm feito rondas regulares na região, inclusive com o auxílio de cães, e que nada vinha sendo observado.
O oficial disse que vai determinar a intensificação da presença dos PMs na região e que os moradores têm razão de exigir que a polícia intervenha.
Como demonstração da atuação da PM, Rodrigues afirma que um traficante foi preso à 1h51 do dia 4 do mês passado. Um usuário de drogas também acabou detido no dia 12, por exemplo.
Sobre a cena flagrada pelo repórter-fotográfico da Folha, o coronel disse estar "surpreso".
O presidente do conselho deliberativo da entidade de moradores da praça do Pôr-do-Sol, o engenheiro Julio Tannus, no entanto, afirma que "a praça é terra de ninguém". Ele diz que, nas duas semanas em que a base da PM ficou no local, os moradores "foram do inferno ao paraíso".

Luau até as 7h
Tannus conta que, no início de fevereiro, cartazes espalhados em postes na Vila Madalena, bairro cheio de bares e próximo à praça, chamavam para um luau no local, que durou da meia-noite às 7h. Segundo o manifesto, que será oficialmente divulgado hoje, "festinha nada inocente, com farto tráfico de drogas". Como a praça é cercada basicamente de casas, o evento tirou o sono dos moradores. O texto fala também que um cadáver foi encontrado no local "semanas atrás".
Como exemplo do que diz ser a baderna na praça, Tannus gravou em áudio, de dentro da sua casa, uma pessoa bêbada que anunciava aos gritos que ia ficar pelada. A fita, gravada há duas semanas, será exibida hoje. O engenheiro diz que começou a se mobilizar quando, no dia 3 de junho de 1989, um domingo, ele e sua mulher viram um jovem de 19 anos ser assassinado na praça.


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