São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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PAGANDO O PATO

A insegurança é humana, mas corujas, gatos, joaninhas, borboletas e grilos é que levam a culpa

DEBORAH GIANNINI
DA REVISTA DA FOLHA

O vôo rasante e assustador de uma coruja em sua direção se dá porque alguma desgraça está para acontecer ou porque, coincidentemente, você está próximo à presa que ela procura? (Ou seja, não bastasse a ave agourenta, pode haver também um rato ao seu redor.) Se perfilar no grupo dos que acreditam na segunda opção, você provavelmente vai olhar para os lados, para ver onde está o alvo apropriado. Assinalar a primeira significa que você reza no credo dos que encaram a coruja -ou qualquer outro sinal de mau agouro- como "sinal" de alguma coisa.
Para a filosofia, aplicar a lógica humana à natureza ou atribuir qualidades humanas aos bichos -como a do dom da previdência à coruja- ganha o nome de animismo.
Corujas, gatos, borboletas, joaninhas e grilos estão entre os "tótens" mais populares; aos três primeiros, de hábitos noturnos, se atribuem maus agouros; aos restantes, diurnos e "alegres", sorte.
Na dança do imaginário humano, as características biológicas do animal são usadas para definir o tipo de "poder sobrenatural" que ele irá exercer -que tanto pode ser positivo como negativo, ao sabor da cultura.
Seus "poderes", para o mal ou para o bem, são um reflexo da fragilidade humana: na tentativa de controlar o imponderável ou apaziguar a insegurança, o homem projeta nos animais seus medos e desejos mais inconscientes e, a partir de características puramente biológicas, . E isso vem desde a Antiguidade (como você vai conferir nesta reportagem).

A história também mostra que o misticismo tende a se acentuar quando civilizações passam por grandes dificuldades como guerras, epidemias e até, por que não, escândalos políticos. Fragilizado, o povo clama por um "sinal" superior. Bem que os bichos poderiam ter as respostas.


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