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CORUJA
A bruxa da noite
Ganhou fama de ave agourenta, o que, considerando sua aparência, não é de estranhar. Acredita-se que ela anuncie desgraças e, quando sobrevoa a casa
dos enfermos, a morte.
Para afastar o mau presságio, a
crença popular recomenda fazer
uma fogueira com pimenta e vinagre para que ela queime a língua. Caso ela emita seu som lúgubre, é necessário tirar toda a
roupa, virá-la do avesso e colocá-la de novo.
O misticismo em torno da coruja vem desde a Antiguidade,
mas, na época, esse pássaro estava relacionado a virtudes. Na
Grécia antiga, era uma ave sagrada e representava a deusa
Atena (a da coragem e sabedoria) e também o dom de clarividência dos adivinhos.
Fatores biológicos ajudaram a
coruja a ganhar esses poderes,
como a estrutura de suas penas,
que permite um vôo silencioso,
e a presença de discos faciais,
que captam ruídos. Além dos
ouvidos assimétricos (um focaliza sons que vêm de baixo, o outro, os de cima), que lhe permitem caçar suas presas de olhos
fechados. Também é capaz de
enxergar na escuridão e girar o
pescoço até 270 graus.
Mas o mesmo perfil que promoveu sua boa imagem entre os
gregos fez a coruja cair em desgraça em outras culturas.
Para os astecas, ela simbolizava o deus dos infernos, avatar da
noite, da chuva e das tempestades; na cultura celta, era a bruxa
da noite; para os indígenas norte-americanos, a divindade da morte, guardiã dos cemitérios. Na
França, existia a crença de que,
depois da morte, as solteironas se
transformavam em corujas.
Uma espécie em particular, a
Tyto alba, é a mais temida pelos
místicos. Popularmente conhecida como "rasga-mortalha" e "coruja de igreja" (pelo hábito de
construir seus ninhos nos vãos
dos templos), tem um vôo baixo e
pesado, e o barulho de suas asas
lembra um pano sendo bruscamente rasgado (por isso, "rasga-mortalha"). Para os supersticiosos, ela está rasgando a mortalha
para algum doente da vizinhança.
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