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MATO GROSSO
Cabo Hércules passou por cinco portões antes de sair de prisão; Justiça decretou a detenção de 18 funcionários
Acusado de assassinar dono de jornal foge de presídio
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Acusado de ter assassinado em
setembro o dono do jornal "Folha
do Estado", o cabo Hércules de
Araújo Agostinho, 33, da Polícia
Militar, fugiu ontem de madrugada pelo portão dos fundos do presídio Pascoal Ramos, na capital
mato-grossense. Ele passou por
cinco portões para sair da prisão.
A Justiça decretou a prisão de 18
funcionários do presídio, incluindo o diretor Cláudio Miranda,
suspeito de ter facilitado a fuga.
Preso desde outubro, o cabo
Hércules é acusado de matar com
sete tiros o empresário Sávio
Brandão de Lima Júnior, 39, em
30 de setembro. Testes de balística
apontaram o autor do crime. Falta descobrir o mandante. Na "Folha do Estado", Sávio Brandão
publicava reportagens contra o
crime organizado no Estado.
A Secretaria Estadual de Justiça
e Segurança Pública oferece R$
100 mil para quem der pista que
leve à prisão do cabo.
Na versão dos agentes, Hércules
usou uma "arma falsa feita com
papelão, simulando ter uma pistola", para rendê-los. Até o início
da noite de ontem, funcionários
do presídio ainda prestavam depoimento na Polícia Federal.
Em novembro, dois agentes foram demitidos após a descoberta
de que Hércules tinha cópias das
chaves da prisão.
O delegado Luciano Inácio da
Silva, 40, disse que o cabo Hércules é o principal pistoleiro do crime organizado que seria liderado
por João Arcanjo Ribeiro, 51, preso no Uruguai.
Na briga entre facções, o cabo
Hércules foi contratado e matou,
segundo o delegado, o sargento
da PM José Jesus de Freitas e dois
seguranças em abril de 2002.
O radialista Rivelino Jacques
Brunini e o amigo Fause Rachid
Jaudy foram mortos dentro do
carro em Cuiabá, em julho. Brunini explorava caça-níqueis e, segundo o procurador da República
Pedro Taques, desafiava Arcanjo.
O pedreiro Gisleno Fernandes,
que estava no banco traseiro e sobreviveu, reconheceu o cabo como autor dos disparos. Arcanjo
foi denunciado como mandante.
Segundo o advogado do fugitivo, Benedito Jacob Santana Sabino, ele estaria de serviço no quartel no dia da morte do sargento Jesus e almoçando com a sogra, na
cidade de Várzea Grande, na hora
da morte de Sávio Brandão.
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