São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Condôminos tentam barrar favela em SP

Moradores de edifícios de classe média na zona sul queimaram madeiras que seriam usadas para a construção de barracos


Área vizinha aos prédios foi invadida por moradores da favela Savério, que deixaram o local na noite de ontem a pedido da PM


DO "AGORA"

Moradores de dois condomínios de classe média no Jardim São Savério (zona sul da capital) tentaram impedir ontem a invasão de um terreno particular, em frente aos prédios, por moradores da favela do Savério -que fica em volta do terreno.
Durante a madrugada, os condôminos queimaram madeiras que seriam usadas na construção de dois barracos e obstruíram a rua em frente ao terreno. O clima ficou tenso, e a Polícia Militar foi chamada. Apesar do princípio de tumulto, ninguém foi preso e não houve feridos.
Segundo os moradores dos condomínios, o terreno, de 10 mil m2, foi desapropriado pela prefeitura em 1992 e teria sido devolvido ao dono, que não foi localizado pela reportagem. A área foi invadida pelo mato.
"Entramos em contato com a prefeitura para dar um destino ao terreno, e nada foi feito até agora", disse uma moradora, que não quis se identificar.
"Não queremos que eles [moradores da favela] invadam o terreno por vários motivos. A nossa segurança é um deles", disse o autônomo Everton Krainer, 28, que participou dos protestos.
Na tarde de ontem, o grupo voltou a fazer manifestações para evitar a invasão da área. A avenida do Cursino, uma das principais vias do bairro da Saúde, também na zona sul, chegou a ser fechada por alguns minutos.

Invasão
Os moradores da favela do Savério se concentraram na invasão. Eles colocaram fogo para limpar parte do terreno e, até o início da noite, já haviam dividido a área em cerca de 150 lotes. Por volta das 19h, eles deixaram a área a pedido da Polícia Militar.
Os moradores, porém, afirmaram que a ação seria retomada hoje, quando esperam que um representante da Subprefeitura do Ipiranga vá conversar com eles.
As famílias alegam que estão morando de favor na casa de parentes e amigos e que precisam de um lugar para ficar. "Estamos debaixo de eucaliptos que estão prestes a cair e não temos mais como dividir um barraco com outras famílias, sendo que o terreno está desocupado", afirma José Cirilo da Silva, 54 anos, que sustenta a mulher e os quatro filhos fazendo bicos.
A Subprefeitura do Ipiranga confirmou a desapropriação e disse que o processo de devolução ao dono está em tramitação. O órgão informou que já esteve no local outras vezes e que hoje irá propor um novo acordo.


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