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Condôminos tentam barrar favela em SP
Moradores de edifícios de classe média na zona sul queimaram madeiras que seriam usadas para a construção de barracos
Área vizinha aos prédios foi invadida por moradores da favela Savério, que deixaram o local na noite de ontem a pedido da PM
DO "AGORA"
Moradores de dois condomínios de classe média no Jardim
São Savério (zona sul da capital) tentaram impedir ontem a
invasão de um terreno particular, em frente aos prédios, por
moradores da favela do Savério
-que fica em volta do terreno.
Durante a madrugada, os
condôminos queimaram madeiras que seriam usadas na
construção de dois barracos e
obstruíram a rua em frente ao
terreno. O clima ficou tenso, e a
Polícia Militar foi chamada.
Apesar do princípio de tumulto, ninguém foi preso e não
houve feridos.
Segundo os moradores dos
condomínios, o terreno, de 10
mil m2, foi desapropriado pela
prefeitura em 1992 e teria sido
devolvido ao dono, que não foi
localizado pela reportagem. A
área foi invadida pelo mato.
"Entramos em contato com a
prefeitura para dar um destino
ao terreno, e nada foi feito até
agora", disse uma moradora,
que não quis se identificar.
"Não queremos que eles
[moradores da favela] invadam
o terreno por vários motivos. A
nossa segurança é um deles",
disse o autônomo Everton
Krainer, 28, que participou dos
protestos.
Na tarde de ontem, o grupo
voltou a fazer manifestações
para evitar a invasão da área. A
avenida do Cursino, uma das
principais vias do bairro da
Saúde, também na zona sul,
chegou a ser fechada por alguns minutos.
Invasão
Os moradores da favela do
Savério se concentraram na invasão. Eles colocaram fogo para
limpar parte do terreno e, até o
início da noite, já haviam dividido a área em cerca de 150 lotes. Por volta das 19h, eles deixaram a área a pedido da Polícia Militar.
Os moradores, porém, afirmaram que a ação seria retomada hoje, quando esperam
que um representante da Subprefeitura do Ipiranga vá conversar com eles.
As famílias alegam que estão
morando de favor na casa de
parentes e amigos e que precisam de um lugar para ficar. "Estamos debaixo de eucaliptos
que estão prestes a cair e não
temos mais como dividir um
barraco com outras famílias,
sendo que o terreno está desocupado", afirma José Cirilo da
Silva, 54 anos, que sustenta a
mulher e os quatro filhos fazendo bicos.
A Subprefeitura do Ipiranga
confirmou a desapropriação e
disse que o processo de devolução ao dono está em tramitação. O órgão informou que já
esteve no local outras vezes e
que hoje irá propor um novo
acordo.
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