São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Plantio de árvores fracassa em parque

Houve perda de 35,8% dos exemplares plantados no parque do Carmo, na zona leste de SP; depredação é um dos problemas

Atual programa de arborização urbana da cidade tem cerca de 10% de perda de árvores; programa da gestão Maluf teve 60%


Rodrigo Paiva/Folha Imagem
Menino sobe em árvore no parque do Carmo, em São Paulo, onde houve perda de 35,8% das árvores referentes a um plantio de 2005


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

De cada 10 árvores plantadas no parque do Carmo, na zona leste de São Paulo, 3,5 exemplares foram perdidos. Os dados, publicados no "Diário Oficial da Cidade" do último sábado, referem-se a um plantio realizado em 2005 no local.
De um total de 451 exemplares, uma vistoria concluiu que 55 mudas não existiam mais no parque e outras 106 foram depredadas -houve perda de 35,8% das árvores.
O Carmo é o segundo maior parque da área metropolitana de São Paulo, com 1,5 milhão de m2 -o maior é o Anhangüera, com 9,5 milhões de m2.
Segundo especialistas, há diversos fatores que contribuem para as árvores não vingarem: plantio incorreto (covas mal feitas), falta de irrigação, plantio no período inadequado (outono e inverno) e vandalismo.
No "Diário Oficial" aparece ainda uma avaliação do programa "1 milhão de árvores", da gestão Paulo Maluf (1993-1996). Foram plantadas 500 mil árvores e houve perda de 60%. Na época, Maluf disse que a principal causa foi o vandalismo. Mas, durante a implantação do programa, foram criticados o manejo e as espécies escolhidas.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, o Programa de Arborização Urbana, lançado em 2005, está sendo mais bem sucedido, com perda em geral de 10%.
A meta do programa é plantar 840 mil árvores na cidade em quatro anos -para isso, têm de ser plantados 211,2 mil exemplares ao ano. Em 2005 e 2006, entretanto, o número ficou abaixo da meta -foram plantadas 162 mil árvores no ano passado, por exemplo.
Segundo o chefe de gabinete da secretaria, Hélio Neves, no parque do Carmo ocorreu um "plantio pontual" e a grande perda se deveu ao fato de não ter sido feito "um trabalho amplo de conscientização de moradores e freqüentadores".
Ele afirma que a pasta vai trabalhar para cumprir a meta do programa, mas que ainda é cedo para avaliar se isso será possível. Neves diz, ainda, que mais uma equipe pode ser contratada para fazer plantios.
Para aumentar a quantidade de árvores plantadas na capital, ele prevê fazer o plantio de mudas para demarcar as áreas de mananciais das represas Billings e Guarapiranga, na zona sul da cidade. Também deve ser feito o reflorestamento ao longo de córregos.
De acordo com o arquiteto e paisagista Paulo del Picchia, ex-presidente da Sbau (Sociedade Brasileira de Arborização Urbana), mais importante que a quantidade de árvores é a qualidade do plantio. Em sua opinião, deveria ser feito um projeto para detalhar o plantio ideal em cada rua da cidade.
"É preciso criteriosamente projetar a arborização de uma rua, ver as interferências como fiação, iluminação pública e tubulações subterrâneas e propor uma arborização levando tudo isso em conta", afirma.

Educação ambiental
A prefeitura pretende fazer convênios com sociedades de amigos de bairro e ONGs para realizar educação ambiental dentro do programa de arborização urbana. A meta é conscientizar sobre a importância das árvores na cidade, evitar a depredação e promover a adoção delas pelos moradores.
O projeto-piloto acontecerá em Rio Pequeno (zona oeste), Pedreira (zona sul), Guaianazes (zona leste) e Anhangüera (norte). "O mais importante é priorizar bairros carentes e mudar o panorama das áreas áridas", diz Neves.
Os integrantes das associações serão treinados e receberão folders para entregar à população. Nesses locais será iniciado o plantio em calçadas em frente a moradias. Hoje, o programa se restringe a praças, alças de acesso e canteiros centrais. "Sair plantando sem perguntar aos moradores dá muita confusão", afirma Neves.


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