São Paulo, sábado, 2 de maio de 1998

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CNBB veta professores não católicos

RICARDO GALHARDO
da Folha Campinas

O CNBB (Conferência dos Bispos do Brasil) está preparando um documento normativo que impede a admissão de professores que não acolham "fielmente a doutrina e orientação da Igreja" nas universidades católicas.
"Alguns professores comunistas -que estão meio fora de moda- e ateus estão matando a fé cristã dentro da própria universidade católica", disse o responsável pelo setor de educação da CNBB, d. Irineu Danelon, bispo de Lins (453 km de São Paulo).
Atualmente, cerca de 240 mil alunos estudam nas 18 universidades, 34 faculdades e dois centros universitários católicos do Brasil.
A Folha teve acesso exclusivo ao texto preliminar do projeto intitulado "Normas Particulares Sobre as Universidades Católicas, Para a Aplicação da Constituição Apostólica 'Ex Code Ecclesiae' (carta publicada pelo papa João Paulo 2º em 1990)".
O documento terá caráter legal e deverá sofrer modificações até chegar ao texto final, que será submetido à 37ª Assembléia Geral da CNBB, no próximo ano.
A vice-presidente da Apropucc (Associação dos Professores da PUC-Campinas), Clotilde Lemos Petta, disse que a entidade não pode se manifestar enquanto não tiver acesso ao documento.
No entanto, segundo ela, a Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino), já realizou debates sobre a carta do papa, que foi vista com "apreensão". "Embora a carta não fizesse referências explícitas ao cerceamento da liberdade, causou certa apreensão quanto às consequências que poderia provocar", disse Clotilde.
"O próprio conceito de universidade pressupõe o debate aberto e pluralista e não o proselitismo religioso", completou a professora.
Segundo arcebispo de Campinas, d. Gilberto Pereira Lopes, grão-chanceler da PUC-Campinas, o estatuto da universidade alerta os candidatos a professor sobre o caráter católico.
"A Igreja Católica não obriga ninguém a trabalhar em uma universidade católica. Aqueles que, entrando na universidade, vão hostilizar a igreja nem devem entrar", disse d. Gilberto.



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