|
Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Papai sabe tudo e filho idem
Meio mundo está esperneando contra a quantia
gasta pelo governo no pavilhão
brasileiro da Expo 2000, em Hannover. E a outra metade optou
por descer a lenha no delfim Paulo Henrique Cardoso, único filho
varão do presidente da República.
Pois eu tenho uma historieta
engraçada para contar sobre o
principelho.
Há coisa de uns 20 anos, éramos
todos moleques e PHC frequentava a casa de um meu amigo querido, o Emile Eddé, que, entre outras coisas, fazia o "bebe quieto"
no comercial do uísque - lembra?
Morto em 1986, Emile deixou
muitas lembranças divertidas, como esta que eu conto agora.
Tínhamos uma amiga que era
completamente apaixonada por
Paulo Henrique. Pudera. Na época, apesar de abusar do gênero
galã, PHC era um gato com "g"
maiúsculo. Um pouco empinado
demais para o meu gosto, ele dava a impressão de ter ido ao cinema e ao teatro, ser viajado, esportista e grande conhecedor de tudo
que é refinado. Sabe aquele tipo
que se concentra para acender
charuto?
Pois é. Não sei como ele é hoje
em dia, mas, naquele tempo, Paulo Henrique era o que os ingleses
chamam de um perfeito esnobe. E
olha que o pai ainda não era nem
mesmo senador.
Muito bem. Um dia PHC chegou com essa amiga que babava
por ele no apartamento do Emile
e, conversa vai, conversa vem, desatou a falar de vinhos. Meu amigo não teve dúvida. Olhando para mim com ar maroto, interrompeu o discurso do Alain Delon dos
trópicos e disse: "Quero que você
me faça o favor de experimentar
um vinho que eu ganhei e diga
com toda a sinceridade o que
acha".
O anfitrião foi até a cozinha,
voltou com um cálice de vinho
tinto na mão e o entregou ao expert. PHC fez o ritual "au grand
complet": examinou o vinho contra a luz, sacudiu o copo em movimentos circulares, passou-o debaixo do nariz e, depois de dar
um gole, bochechou.
Ficamos imóveis esperando o
veredito até que o "conoisseur"
emitiu um entusiasmado "Excelente!" Nossa amiga levantou e
aplaudiu e esta parva que vos fala
foi no embalo.
Na hora de ir embora, Emile pediu que eu ficasse mais um pouco.
Assim que o casal desceu no elevador, ele me levou até a cozinha
e mostrou o vinho que havia
apresentado ao especialista.
Era uma garrafa de Baron de
Lantier, que sua cozinheira, a gloriosa Elza, usara naquele dia para temperar uma carne.
QUALQUER NOTA
Quartel de Abrantes
E não é que tem gente que
ainda acredita que o senador
Luiz Estevão não será cassado? O motivo é o de sempre.
Assim como o vereador José
Izar, o suposto dono da Incal
teria amigos "na mão".
Contra tarados
Existem boas chances de a
prefeitura paulistana vir a ser
ocupada por uma mulher. Se
isso ocorrer, a nova prefeita
tem obrigação de estudar a
possibilidade de implantar o
mesmo serviço criado em
Bancoc, que obriga as companhias de ônibus a ter veículos especiais só para mulheres.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
Próximo Texto: Greve do funcionalismo: Professores apedrejam e ferem Covas Índice
|