São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2000


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BARBARA GANCIA

Papai sabe tudo e filho idem

Meio mundo está esperneando contra a quantia gasta pelo governo no pavilhão brasileiro da Expo 2000, em Hannover. E a outra metade optou por descer a lenha no delfim Paulo Henrique Cardoso, único filho varão do presidente da República.
Pois eu tenho uma historieta engraçada para contar sobre o principelho.
Há coisa de uns 20 anos, éramos todos moleques e PHC frequentava a casa de um meu amigo querido, o Emile Eddé, que, entre outras coisas, fazia o "bebe quieto" no comercial do uísque - lembra?
Morto em 1986, Emile deixou muitas lembranças divertidas, como esta que eu conto agora.
Tínhamos uma amiga que era completamente apaixonada por Paulo Henrique. Pudera. Na época, apesar de abusar do gênero galã, PHC era um gato com "g" maiúsculo. Um pouco empinado demais para o meu gosto, ele dava a impressão de ter ido ao cinema e ao teatro, ser viajado, esportista e grande conhecedor de tudo que é refinado. Sabe aquele tipo que se concentra para acender charuto?
Pois é. Não sei como ele é hoje em dia, mas, naquele tempo, Paulo Henrique era o que os ingleses chamam de um perfeito esnobe. E olha que o pai ainda não era nem mesmo senador.
Muito bem. Um dia PHC chegou com essa amiga que babava por ele no apartamento do Emile e, conversa vai, conversa vem, desatou a falar de vinhos. Meu amigo não teve dúvida. Olhando para mim com ar maroto, interrompeu o discurso do Alain Delon dos trópicos e disse: "Quero que você me faça o favor de experimentar um vinho que eu ganhei e diga com toda a sinceridade o que acha".
O anfitrião foi até a cozinha, voltou com um cálice de vinho tinto na mão e o entregou ao expert. PHC fez o ritual "au grand complet": examinou o vinho contra a luz, sacudiu o copo em movimentos circulares, passou-o debaixo do nariz e, depois de dar um gole, bochechou.
Ficamos imóveis esperando o veredito até que o "conoisseur" emitiu um entusiasmado "Excelente!" Nossa amiga levantou e aplaudiu e esta parva que vos fala foi no embalo.
Na hora de ir embora, Emile pediu que eu ficasse mais um pouco. Assim que o casal desceu no elevador, ele me levou até a cozinha e mostrou o vinho que havia apresentado ao especialista.
Era uma garrafa de Baron de Lantier, que sua cozinheira, a gloriosa Elza, usara naquele dia para temperar uma carne.

QUALQUER NOTA

Quartel de Abrantes
E não é que tem gente que ainda acredita que o senador Luiz Estevão não será cassado? O motivo é o de sempre. Assim como o vereador José Izar, o suposto dono da Incal teria amigos "na mão".

Contra tarados
Existem boas chances de a prefeitura paulistana vir a ser ocupada por uma mulher. Se isso ocorrer, a nova prefeita tem obrigação de estudar a possibilidade de implantar o mesmo serviço criado em Bancoc, que obriga as companhias de ônibus a ter veículos especiais só para mulheres.



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