São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2000


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Professores culpam governador por confusão

DA REPORTAGEM LOCAL

Os professores detidos pela polícia culparam o governador Mário Covas pelo confronto no meio da praça da República.
""Ele foi entrando no acampamento sorrateiramente e de forma acintosa, derrubando nossas barracas com seus seguranças", disse o professor de artes Claudio Augusto da Rocha, 34, acusado pela PM de agredir um capitão.
Funcionário público estadual desde 92, ele ganha R$ 1.150 por mês bruto e diz ter trocado a casa onde mora com a família em Jandira (Grande São Paulo) pela praça porque a categoria ""está morrendo". ""Tirando os descontos, não dá para viver", afirmou.
Os funcionários da educação pediram 54,7% de reajuste, negado pelo governo do Estado. Para Covas, os professores nunca foram tão bem remunerados.
Outros cem professores, com o mesmo perfil e salário, estão vivendo na praça desde o dia 12, em frente ao prédio da Secretaria de Estado da Educação. A categoria reclama da falta de diálogo com o governo do Estado e, por esse motivo, as barracas foram montadas.
Os professores dizem que tentaram conversar com o governador e que a decisão de Covas de não ouvi-los causou irritação. O confronto estourou no momento em que o governador passava pela segunda vez por dentro do acampamento dos manifestantes.
""É complicado dizer de onde veio a primeira pedra e quem partiu para agressão primeiro", disse o professor do ensino médio Marcos Roberto Menin, 31, que também foi detido. Ele nega que tenha agredido o tenente Helde Bezerra da Silva, o mesmo que o prendeu e registrou queixa na delegacia contra ele.
As barracas fecham o portão principal do prédio da secretaria, por onde o governador tentou entrar com sua comitiva. Covas poderia ter entrado pelos fundos, onde fica o estacionamento.
O terceiro professor detido, Cleosmire Gonçalves dos Santos, 35, também negou que tivesse agredido os policiais ou arremessado pedras no governador.
Outros dois supostos manifestantes detidos ontem, o estudante Marcelo César Sapateiro, 22, e o desempregado Josenildo Cosme da Silva, 28, foram indiciados pela polícia no inquérito. Os dois disseram que apenas passavam pela praça da República quando a confusão começou.

Tensão
Segundo os professores, o clima na praça estava tenso desde que a PM reforçou a segurança no prédio da Secretaria da Educação, há dois dias, quando houve a manifestação na avenida Paulista.
Anteontem, as barracas da praça da República racharam os professores que foram ao ato. Parte deles, em vez de seguir para a Assembléia Legislativa com as outras categorias em greve, decidiu reforçar o acampamento com receio de que a tropa de choque agisse no local.
Até ontem à noite, o comando da PM não tinha dado ordem para a desocupação da praça.


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