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Professores culpam governador por confusão
DA REPORTAGEM LOCAL
Os professores detidos pela polícia culparam o governador Mário Covas pelo confronto no meio
da praça da República.
""Ele foi entrando no acampamento sorrateiramente e de forma acintosa, derrubando nossas
barracas com seus seguranças",
disse o professor de artes Claudio
Augusto da Rocha, 34, acusado
pela PM de agredir um capitão.
Funcionário público estadual
desde 92, ele ganha R$ 1.150 por
mês bruto e diz ter trocado a casa
onde mora com a família em Jandira (Grande São Paulo) pela praça porque a categoria ""está morrendo". ""Tirando os descontos,
não dá para viver", afirmou.
Os funcionários da educação
pediram 54,7% de reajuste, negado pelo governo do Estado. Para
Covas, os professores nunca foram tão bem remunerados.
Outros cem professores, com o
mesmo perfil e salário, estão vivendo na praça desde o dia 12, em
frente ao prédio da Secretaria de
Estado da Educação. A categoria
reclama da falta de diálogo com o
governo do Estado e, por esse motivo, as barracas foram montadas.
Os professores dizem que tentaram conversar com o governador
e que a decisão de Covas de não
ouvi-los causou irritação. O confronto estourou no momento em
que o governador passava pela segunda vez por dentro do acampamento dos manifestantes.
""É complicado dizer de onde
veio a primeira pedra e quem partiu para agressão primeiro", disse
o professor do ensino médio Marcos Roberto Menin, 31, que também foi detido. Ele nega que tenha agredido o tenente Helde Bezerra da Silva, o mesmo que o
prendeu e registrou queixa na delegacia contra ele.
As barracas fecham o portão
principal do prédio da secretaria,
por onde o governador tentou entrar com sua comitiva. Covas poderia ter entrado pelos fundos,
onde fica o estacionamento.
O terceiro professor detido,
Cleosmire Gonçalves dos Santos,
35, também negou que tivesse
agredido os policiais ou arremessado pedras no governador.
Outros dois supostos manifestantes detidos ontem, o estudante
Marcelo César Sapateiro, 22, e o
desempregado Josenildo Cosme
da Silva, 28, foram indiciados pela
polícia no inquérito. Os dois disseram que apenas passavam pela
praça da República quando a confusão começou.
Tensão
Segundo os professores, o clima
na praça estava tenso desde que a
PM reforçou a segurança no prédio da Secretaria da Educação, há
dois dias, quando houve a manifestação na avenida Paulista.
Anteontem, as barracas da praça da República racharam os professores que foram ao ato. Parte
deles, em vez de seguir para a Assembléia Legislativa com as outras categorias em greve, decidiu
reforçar o acampamento com receio de que a tropa de choque
agisse no local.
Até ontem à noite, o comando
da PM não tinha dado ordem para a desocupação da praça.
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