São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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Administração do PT cede a empresas

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vem cedendo, desde o início da administra Marta Suplicy (PT), às pressões dos empresários de ônibus. A própria prefeita chegou a admitir, mês passado, as dificuldades que vem enfrentando para fazer com que as viações cumpram os acordos firmados em sua gestão.
A crítica da prefeita "à falta de contrapartida" dos empresários do setor foi feita um dia depois de a prefeitura abrir mão de R$ 1,9 milhão que recebia mensalmente das viações -a título de taxa de gerenciamento do sistema-, sob a justificativa de que o dinheiro seria usado pelos empresários para bancar parte do convênio médico de motoristas e cobradores.
O convênio médico era uma das principais reivindicações da categoria, que ameaçava, e ainda ameaça, entrar em greve.
Em abril deste ano, o secretário Carlos Zarattini (Transportes) anunciou que o governo iria bancar a implantação de catracas eletrônicas em 60% da frota da cidade. A idéia inicial era de que os empresários assumissem o custo total da mudança.
Mas essa não foi a única vez que Marta teve de fechar os olhos para o não-cumprimento de cláusulas do contrato das viações.
Neste ano, as empresas não cumpriram várias das promessas feitas à prefeitura, como a de retirar os chamados ônibus velhos, fabricados antes de 1991, de circulação. As viações também só entregaram 5% dos novos ônibus adaptados a deficientes físicos, metade do previsto em acordo.
Esses eram pontos do compromisso firmado, ainda no ano passado, quando a prefeitura cedeu às viações reajuste de 21,74% da tarifa de ônibus, que passou de R$ 1,15 para R$ 1,40. O aumento ficou bem acima dos 4,6% de inflação medidos pela Fipe desde janeiro de 1999, data do reajuste anterior.
O problema é que as penalidades aplicadas pela prefeitura não chegam a assustar os empresários. No caso das empresas que não retiram os ônibus velhos de circulação, por exemplo, a multa é de R$ 11,20 por veículo/dia.
No caso do não-cumprimento da promessa de adaptar mais ônibus para deficientes físicos, a prefeitura não aplica nenhuma sanção sob a alegação de que o acordo foi informal.



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