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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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CURITIBA

Dois estão em estado grave; tumulto ocorreu após espetáculo começar sem que todo o público tivesse entrado

Três morrem pisoteados em "show da paz"

Alberto Melnechuky/"Tribuna do Paraná"
Corpo de garota morta (com o rosto coberto) ao lado de pessoas que se feriram no tumulto ocorrido no início do show, em Curitiba


MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Três adolescentes morreram pisoteados e outros 25 foram atendidos em prontos-socorros de Curitiba, na noite de anteontem, depois de um tumulto nos portões de acesso a um show de rock em área aberta do Jockey Club do Paraná, no bairro do Tarumã.
O evento foi divulgado pelas emissoras de rádio como o festival Unidos pela Paz.
Dois hospitalizados, que estavam na UTI do hospital Evangélico, ainda corriam risco de morte no fim da tarde de ontem. Quatro permaneciam em observação em ambulatórios. O restante foi liberado no fim da manhã.
Morreram por causa de fraturas provocadas pelo empurra-empurra Mariah de Andrade Souza, 14, Larissa Seletti, 15, e Jonathan Raul dos Santos, 15. Mariah chegou a ser levada para o hospital Cajuru, mas morreu no caminho. Os nomes dos feridos em estado grave não foram divulgados.
O evento teve apresentações das bandas Charlie Brown Jr., Raimundos, Tihuana e Natiruts. A confusão começou pouco antes das 22h, horário do início do show. Do lado de fora, parte do público pagante, que ainda esperava para entrar, iniciou um empurra-empurra. Os portões tinham sido abertos só duas horas antes da primeira exibição.
Para evitar que o tumulto aumentasse, não houve interrupção no show.
A Polícia Militar acusou a organização de falha na segurança e de não ter pedido policiamento preventivo para o evento, mas a direção do Jockey nega (veja texto nesta página). O show teria atraído 30 mil pessoas.
O secretário da Indústria e Comércio do Estado e presidente do Jockey, Luiz Mussi, reagiu no final da tarde de ontem às suspeitas da PM de que o espaço não teria capacidade para esse público. "O local abriga 50 mil", afirmou. O show aconteceu onde são realizadas as corridas de cavalo.
As suspeitas de "venda de ingresso incompatível com a capacidade" foram confirmadas à reportagem pelo delegado Luiz Carlos de Oliveira, do Centro de Operações Especiais da Polícia Civil. O tenente Valdecir Gonçalves Capelli disse que a PM não tinha conhecimento do evento e foi chamada pelos organizadores "já na emergência". Os cem homens deslocados para o local não conseguiram conter a multidão.
Mussi contesta a versão da PM e diz que Athayde de Oliveira Neto, promotor do show, tem cópia das comunicações. "Foi-me garantido que o promotor tem todas as provas [das comunicações]", disse. Oliveira Neto, que tem ordem de prisão expedida e vai responder a inquérito por homicídio culposo, estava foragido até ontem à noite.
O estudante Rafael Pienaro, 20, assistiu ao show e disse não ter notado o tumulto do lado de fora. "Vi soldados do batalhão de choque tomarem a frente do palco quando o Charlie Brown [terceira banda a tocar, por volta da 1h de ontem] entrou e a agitação do público cresceu."


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