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SISTEMA PRISIONAL
Secretário teme uso de imagens nas eleições; governo alega que objetivo era evitar espetacularização da tragédia
Garotinho veta acesso à carnificina no Rio
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-governador e secretário de
Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho (PMDB), foi o
responsável pelo veto à entrada de
defensores públicos e de integrantes de entidades de direitos humanos na Casa de Custódia de Benfica após o fim do motim que resultou na morte de ao menos 30 presos e de um agente penitenciário.
Em protesto, 41 defensores públicos do Núcleo de Direitos Humanos e Sistema Penitenciário
decidiram suspender por nove
dias as visitas aos presídios, numa
"paralisação de advertência". Vão
encaminhar à Justiça uma representação para que seja apurada a
responsabilidade pela decisão de
proibir sua entrada na prisão.
A maior preocupação de Garotinho era com o vazamento de
imagens de corpos mutilados que
pudessem lembrar o massacre da
extinta Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, onde morreram 111 presos em confronto
com a polícia, em 1992.
A Folha apurou que Garotinho
considerava que o vazamento
dessas imagens poderia ser desastroso para seu grupo político em
ano eleitoral. Segundo um de seus
assessores, a medida foi tomada
para impedir que entidades de direitos humanos fizessem um "espetáculo" em torno da tragédia.
O governo do Estado subestimou o alcance do motim, que começou na manhã de sábado com
uma tentativa de fuga em massa.
No sábado, apenas o subsecretário de Direitos Humanos, Paulo
Bahia, falava sobre o caso, embora
no local estivessem o subsecretário de Segurança, Marcelo Itagiba,
o secretário operacional da secretaria, Paulo Souto, e o comandante do policiamento da capital, coronel Fernando Belo.
No domingo, a negociação passou para a Secretaria de Administração Penitenciária, mas, com o
assassinato de um agente penitenciário, no mesmo dia, Garotinho interveio e assumiu o comando nos bastidores.
Oficialmente, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel
Renato Hottz, foi quem passou a
responder pela negociação com
os rebelados. As conversas não
deram resultado até a tarde de segunda-feira, quando a equipe de
negociadores foi trocada e o pastor Marcos Pereira da Silva foi levado ao presídio. Silva teria convencido os presos a negociar com
o delegado Jader Amaral e os coronéis da PM Francisco D'Ambrosio e Roberto Penteado.
Os presos concordaram em entregar as armas e libertar os reféns
no início da noite. Nesse momento, a PM entrou na carceragem,
mas, a pedido de Garotinho,
Hottz impediu a presença dos defensores públicos e das entidades
de direitos humanos. O defensor
Leonardo Rosa Melo da Cunha
disse que Hottz estava "visivelmente constrangido".
A Constituição estadual garante
o acesso de membros da Defensoria Pública a todos os estabelecimentos onde haja pessoas sob
custódia do Estado.
Ontem, apenas o secretário de
Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, afastado
do caso no domingo, falou com
jornalistas. Garotinho e a governadora Rosinha Matheus
(PMDB) não deram entrevistas.
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