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SISTEMA PRISIONAL
Ministro considera equivocada decisão do governo estadual de alocar facções rivais na mesma prisão
Para Planalto, Rio optou por "alto risco"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte de 30 presos da Casa de
Custódia de Benfica, na zona norte do Rio, é conseqüência de uma
"política de alto risco" do governo
daquele Estado, que optou por
manter presos de facções criminosas adversárias em uma mesma
penitenciária. A avaliação foi feita
pelo secretário especial de Direitos Humanos da Presidência, Nilmário Miranda, ontem.
"O sistema prisional do Rio decidiu misturar as facções, uma política de alto risco. Há outros presídios em situação semelhante, algo que não acho prudente."
O ministro também afirmou
que é cedo para avaliar a rebelião
ocorrida na Casa de Custódia de
Benfica, porque faltam informações como a confirmação do número exato de mortos. O governo
fluminense informou que eram
ao menos 30 cadáveres.
"[Os detentos] aproveitaram a
rebelião para matar os adversários", disse Nilmário.
Apesar do elevado número de
mortes, o ministro elogiou a postura adotada pela governadora
Rosinha Matheus (PMDB) durante a rebelião, que começou na
manhã de sábado e terminou no
início da noite de anteontem.
"Houve uma prudência da governadora ao permitir a negociação à
exaustão. Pelo menos não houve
uso da força policial", disse.
Ressaltando que não dispõe de
dados sobre suspeitas da participação de policiais na rebelião, Nilmário afirmou que é preciso investigar como os detentos obtiveram armas de fogo. O ministro
também considerou "um mau
precedente" impedir a entrada de
defensores públicos e da Pastoral
Carcerária ao final da revolta.
"Foi chocante, é péssimo para o
país. Lamentavelmente [a ocorrência de rebelião] está se repetindo e isso não tem levado à modernização do sistema."
Presidente do Conselho da Comunidade, entidade civil de fiscalização dos presídios, Marcelo
Freixo, afirma que "o que aconteceu em Benfica foi uma tragédia
anunciada". Ele, que participou
das negociações, diz que o governo do Rio une facções rivais no
mesmo presídio para enfraquecê-las, o que, na sua opinião, produz
o efeito inverso.
Secretário da Administração
Penitenciária de São Paulo desde
1999, Nagashi Furukawa diz que a
única forma de conter a guerra
entre as facções é isolar os líderes
em presídios de segurança máxima, separar os grupos e colocar os
detentos "neutros" em unidades
menores, sem influência das organizações criminosas.
(IURI DANTAS e PEDRO DIAS LEITE)
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