São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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Casa de juiz de MS teve telefone grampeado

Magistrado determina execução das penas; investigação aponta que ordem partiu de detento em Dourados

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O telefone da casa do juiz estadual Celso Antônio Schuch Santos, em Dourados (MS), foi ilegalmente grampeado. Segundo o delegado Oduvaldo de Oliveira Pompeu, a ordem do grampo foi de um interno do presídio de segurança máxima da cidade supostamente ligado à facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).
Santos é o juiz da Vara de Execuções Penais. É o responsável por determinar a progressão de regime em que o condenado está (do fechado para o semi-aberto) e pelas transferências no presídio, que tem aproximadamente 1.300 internos.
O juiz só divulgou ontem a escuta, mas ela foi descoberta há 40 dias. Santos afirmou que não tirou antes o grampo para descobrir os responsáveis.
"A investigação nos leva a um preso e, fora [da penitenciária], a uma eventual participação de policiais. Por isso determinei que o caso fosse investigado pelo doutor Pompeu, de minha confiança", afirmou o juiz, ao se referir ao delegado do caso. "A cúpula da Polícia Civil parece dificultar a investigação. Ainda não se instalou um inquérito."
O delegado disse que, em uma escuta feita dentro do presídio, ouviu a conversa de um preso (ele não divulgou o nome) falando que tinha mandado grampear o juiz. "Tinha um barulho estranho no telefone. Em uma varredura, descobriu-se que o aparelho do grampo estava colocado embaixo de um saco plástico de supermercado que parecia ter ficado grudado no fio [que sai da casa] próximo ao poste [da rua]."
O aparelho artesanal instalado no fio passará por perícia. Pode ter funcionado como um simples gravador ou transmissor de conversas para uma central clandestina de escuta.
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul nega ter dificultado as investigações. A instituição afirma que designou um outro delegado para cuidar do caso porque Pompeu estava comprometido com a investigação da morte de um advogado.
"Se o juiz sabe de policiais envolvidos, que diga nomes", afirmou o delegado Fernando Paciello, relações-públicas da Polícia Civil sul-mato-grossense.
Ontem, em Campo Grande, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) assinou convênio para liberar, em uma "primeira fase", R$ 2,3 milhões para a reforma da penitenciária de Dourados, que ficou destruída durante uma rebelião atribuída ao PCC, nos dias 14 e 15 de maio.


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