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Casa de juiz de MS teve telefone grampeado
Magistrado determina execução das penas; investigação aponta que ordem partiu de detento em Dourados
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O telefone da casa do juiz estadual Celso Antônio Schuch
Santos, em Dourados (MS), foi
ilegalmente grampeado. Segundo o delegado Oduvaldo de
Oliveira Pompeu, a ordem do
grampo foi de um interno do
presídio de segurança máxima
da cidade supostamente ligado
à facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).
Santos é o juiz da Vara de
Execuções Penais. É o responsável por determinar a progressão de regime em que o condenado está (do fechado para o semi-aberto) e pelas transferências no presídio, que tem aproximadamente 1.300 internos.
O juiz só divulgou ontem a
escuta, mas ela foi descoberta
há 40 dias. Santos afirmou que
não tirou antes o grampo para
descobrir os responsáveis.
"A investigação nos leva a um
preso e, fora [da penitenciária],
a uma eventual participação de
policiais. Por isso determinei
que o caso fosse investigado pelo doutor Pompeu, de minha
confiança", afirmou o juiz, ao se
referir ao delegado do caso. "A
cúpula da Polícia Civil parece
dificultar a investigação. Ainda
não se instalou um inquérito."
O delegado disse que, em
uma escuta feita dentro do presídio, ouviu a conversa de um
preso (ele não divulgou o nome) falando que tinha mandado grampear o juiz. "Tinha um
barulho estranho no telefone.
Em uma varredura, descobriu-se que o aparelho do grampo
estava colocado embaixo de um
saco plástico de supermercado
que parecia ter ficado grudado
no fio [que sai da casa] próximo
ao poste [da rua]."
O aparelho artesanal instalado no fio passará por perícia.
Pode ter funcionado como um
simples gravador ou transmissor de conversas para uma central clandestina de escuta.
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul nega ter dificultado as
investigações. A instituição
afirma que designou um outro
delegado para cuidar do caso
porque Pompeu estava comprometido com a investigação
da morte de um advogado.
"Se o juiz sabe de policiais envolvidos, que diga nomes", afirmou o delegado Fernando Paciello, relações-públicas da Polícia Civil sul-mato-grossense.
Ontem, em Campo Grande, o
ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) assinou convênio
para liberar, em uma "primeira
fase", R$ 2,3 milhões para a reforma da penitenciária de Dourados, que ficou destruída durante uma rebelião atribuída ao
PCC, nos dias 14 e 15 de maio.
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