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Teste antecipa diagnóstico de câncer pulmonar em fumante
Para pesquisador, exame sangüíneo deve chegar ao mercado em até sete anos
A pesquisa acompanhou 2.500 fumantes sem câncer preexistente por dois anos; média de idade dos participantes foi de 65 anos
CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A CHICAGO
Um teste molecular de sangue poderá identificar precocemente o câncer de pulmão em
fumantes, revela um estudo divulgado ontem no maior congresso de câncer do mundo,
que acontece em Chicago, nos
Estados Unidos.
O exame está sendo desenvolvido por pesquisadores alemães e foi financiado por institutos do governo da Alemanha,
sem a indústria farmacêutica.
Segundo o médico que coordenou o estudo, Thomas Zander, da Universidade de Colônia (Alemanha), a previsão é
que o teste seja comercializado
dentro de cinco a sete anos.
A pesquisa acompanhou
2.500 fumantes sem câncer
preexistente por dois anos. A
idade média dos participantes
era de 65 anos. No final, 12 pessoas desenvolveram câncer. No
trabalho, os pesquisadores puderam identificar pelo RNA
("primo" do DNA) dos participantes as moléculas precursoras do tumor. O teste teve sensibilidade de 75% para detectar
o câncer de pulmão e de 85%
para identificar as pessoas que
não desenvolveriam câncer.
Zandler explica que, no futuro, o teste poderá ser oferecido
à população alemã fumante
gratuitamente. A expectativa é
que, diagnosticado precocemente, o tratamento da doença
seja mais eficaz.
"Temos muito o que fazer
ainda, mas é uma ótima notícia.
É o primeiro teste com esse número pessoas e com uma população que ainda não desenvolveu a doença", afirmou.
A médica oncologista Julie
Gralow, que moderou os debates sobre o estudo, disse que o
resultados são preliminares,
mas muito otimistas. "O câncer
de pulmão é um dos que mais
matam no mundo."
Remédio
Também ontem, no congresso da Associação Americana de
Oncologia Clínica, que reúne
30 mil oncologistas do mundo
todo, foi apresentada uma pesquisa que mostra como o tratamento do câncer de pulmão, especialmente os tumores avançados, está longe do ideal, seja
pela eficácia, seja pelo custo.
Os resultados do estudo Flex,
com 1.200 pacientes e financiado pela Merck, mostraram que
o uso de uma droga de última
geração (Erbitux) associada à
quimioterapia só conseguiu aumentar a sobrevida em um mês
e dois dias, em média, em relação aos pacientes que receberam apenas a quimioterapia.
Ainda assim, os pesquisadores se disseram otimistas com
os resultados porque havia dez
anos que não surgiam drogas
que resultassem em alguma sobrevida ao pacientes com tumores avançados de pulmão.
A oncologista brasileira Maira Calef saiu de lá convicta de
que o melhor caminho é as pessoas pararem de fumar. "Gastaram US$ 650 mil por paciente
[no estudo] para um ganho de
um mês de vida. A melhor relação custo e benefício é largar o
cigarro o quanto antes."
A jornalista CLÁUDIA COLLUCCI viajou com as
despesas parcialmente pagas pela Merck
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