São Paulo, Quarta-feira, 02 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NA CÂMARA
Ex-funcionários da Regional da Penha dizem que foram pressionados para incriminar Viscome; sessão foi encerrada após crise de choro
Testemunhas acusam polícia e CPI de coação

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

Dois ex-funcionários da Regional da Penha disseram ontem à comissão processante que analisa o pedido de cassação de Vicente Viscome que foram pressionados e coagidos na polícia e na CPI para prestarem depoimentos que incriminassem o vereador.
No depoimento de ontem, eles foram convocados como testemunhas de defesa por advogados de Viscome. Apesar das declarações de ontem, a comissão poderá usar os depoimentos que os dois deram à CPI e à polícia.
Nos depoimentos à CPI e à polícia, o ex-office boy Nelson Gomes havia dito que participava de um esquema de cobrança de propina de bancas de jornal e que parte do dinheiro era dado a Viscome.
O ex-assessor Vladimir Augusto Ferreira havia afirmado que foi funcionário fantasma no Anhembi entre fevereiro e outubro de 97, período em que teria trabalhado no escritório político de Viscome.
Na comissão, eles mudaram as declarações. "Eu nunca conversei com o Vicente Viscome", disse Gomes, o primeiro a depor ontem.
Ele também negou ter recebido propina, mas chamou de "caixinha" o dinheiro que disse ter recebido para permitir transferências irregulares de bancas de jornal.
Sobre as declarações que tinha feito a respeito do poder de Viscome na Regional da Penha, alegou ter sido pressionado. "Me disseram que, se eu não falasse tudo, ficaria mais tempo preso", disse. Gomes, no entanto, não soube dizer quem o pressionou.
O segundo depoimento acabou dez minutos depois de começar. O ex-assessor Ferreira negou ter trabalhado com Viscome no período em que foi funcionário do Anhembi e disse que se sentiu acuado em seu depoimento à polícia. "Me senti acuado. Fiquei nove horas na delegacia. Minha prisão estava expedida em cima da mesa."
Ao ser perguntado se a coação também teria ocorrido na CPI, teve uma crise de choro e foi atendido por enfermeiras da Câmara.
O presidente da comissão processante, Edivaldo Estima (PPB), aproveitou a crise de choro para encerrar a sessão de ontem.


Texto Anterior: Camelô diz estar sofrendo ameaças
Próximo Texto: Para Cardozo, argumento é estratégia da defesa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.