São Paulo, Quarta-feira, 02 de Junho de 1999
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Sobel diz ser preciso proibir desejo de matar

da Sucursal de Brasília

Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, dá apoio irrestrito à proposta do governo de proibir a venda de armas no território nacional.
Ele esteve presente no Planalto, ontem, à solenidade em que o presidente da República assinou a lei a ser enviada ao Congresso.
A lei, na opinião de Henry Sobel, ajuda a salvar vidas e é um bom instrumento para enterrar o desejo de matar difundido pela sociedade. "Se for poupada uma única vida já valeu a pena", afirmou. Leia abaixo trechos da entrevista.
Folha - Por que a lei pode ajudar a salvar vidas?
Henry Sobel
- Independentemente dos fatores sociais e psicológicos geradores da violência, o fato é que, se a pessoa estiver carregando uma arma, as chances de ferir ou matar são grandes. Quanto menos armas, menor a chance de morrer.
Folha - Por que o sr. não reconhece no ato de andar armado uma forma de defesa pessoal?
Sobel
- Muita gente diz que andar armado é uma forma legítima de se defender, às vezes o único meio de defesa. O problema é que hoje, nos meios de comunicação, no cinema, na TV, nas relações sociais em geral, o atirador é visto como um herói e a arma um símbolo de virilidade. O mais importante na iniciativa do presidente da República é a contribuição que ela dá para a proibição do desejo de matar.
Folha - Nas ruas, algumas pessoas estão simplesmente perguntando: vai adiantar?
Sobel
- Quando estava vindo para Brasília, no avião, uma pessoa me fez essa pergunta (ontem). Vai adiantar por dois motivos. Se for poupada uma única vida já valeu a pena. Se for poupada uma pessoa da sua família vai valer mais ainda. Foi o que respondi à pessoa no avião. Ela ficou pensando.
Folha - O lobby a favor das armas pode desfigurar a lei no Congresso...
Sobel
- Temos agora de mostrar aos nossos legisladores que não aceitamos ser manipulados pelos interesses dos fabricantes e comerciantes de armas. Afinal, quantos inocentes têm de ser baleados para que a população se conscientize da necessidade de proibir a venda das armas?


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