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VIOLÊNCIA
Presidente pede urgência na aprovação de proposta, que também proíbe comercialização de munição
FHC envia projeto que proíbe venda de armas
WILLIAM FRANÇA
AUGUSTO GAZIR
da Sucursal de Brasília
O governo enviou ontem ao Congresso projeto que proíbe a venda
de armas de fogo no país. A novidade foi a inclusão da proibição
também da venda de munição. Será pedida urgência na aprovação.
Ao defender o projeto, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que há um quadro "de medo" na sociedade e que é necessário um amplo debate no país para
que haja o convencimento da importância da medida. FHC admitiu
que o atual quadro social, com o
aumento do desemprego, contribuiu para a violência.
"Esse projeto não resolverá definitivamente o problema da criminalidade, mas é um passo decisivo
na redução dos índices que todos
nós defendemos", disse o ministro
da Justiça, Renan Calheiros.
Pela proposta, passa a ser crime
passível de reclusão de um a dois
anos, além de multa, "possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda e
ocultar arma de fogo".
O projeto de lei revoga ainda os
artigos que autorizavam o porte de
armas de fogo para civis, exceto
para autoridades ressalvadas em
lei específica. Só poderão adquirir
armas as Forças Armadas, os órgãos de segurança pública, as
guardas municipais e a futura
Agência Brasileira de Inteligência.
As empresas de segurança privada também poderão adquirir armas, que serão controladas pelas
Forças Armadas e deverão ter uma
marca indelével para serem distintas das não registradas. Não foram
previstas exceções para competidores e colecionadores de armas.
Na prática, se aprovada a lei,
quem for pego com arma de fogo,
ainda que ela tenha sido comprada
legalmente, mesmo sendo hoje detentor de porte de arma, será preso
sem direito à fiança arbitrada por
delegado.
Se a arma ilegal for flagrada com
um servidor público (por exemplo, um policial), ele terá a pena
aumentada da metade. O mesmo
vale para os reincidentes.
O projeto prevê o prazo de um
ano para que as armas de fogo de
propriedade de particulares e a
respectiva munição sejam recolhidas às unidades das Forças Armadas, da Polícia Federal ou da Polícia Civil dos Estados.
Deverá ser feita indenização pela
expropriação (retirar de alguém
algum bem em cumprimento de
legislação vigente) das armas que,
na ocasião da publicação da lei, forem consideradas regularizadas.
O governo estima pagar R$ 150
por arma. Os que possuírem armas
irregulares e decidirem entregá-las
ficarão isentos das penas previstas
na lei 9.437, que definiu os crimes
do uso ilegal de armas.
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