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Reação é mais lenta que a de alcoolizado
DA REPORTAGEM LOCAL
Motoristas que dirigem enquanto falam ao celular têm reações mais lentas em situações de risco no trânsito do que os alcoolizados. A conclusão é de um estudo do Laboratório de Pesquisa em Transportes (Transport Research
Laboratory), divulgado em Londres em março deste ano.
Os pesquisadores utilizaram um simulador e submeteram ao
teste, durante três meses, 20 voluntários entre 21 e 45 anos.
A uma velocidade de 110 km/h,
os motoristas que seguravam um
celular tiveram uma distância de
freagem 14 metros (45%) maior
que a normal e dez metros (29%)
maior que a dos embriagados. Os
que falavam ao celular com viva-voz tiveram a distância de freagem oito metros maior (26%) que
a normal e quatro metros (11%)
maior que a dos alcoolizados.
A quantidade de álcool no sangue considerado foi superior a 0,8
grama por litro. No Brasil, a lei
proíbe que motoristas dirijam
com álcool acima de 0,6 g/l.
O estudo, patrocinado pela seguradora britânica Direct Line,
apontou ainda que os motoristas
que falavam ao celular foram menos capazes de manter uma velocidade constante e acharam mais
difícil manter uma distância segura do veículo da frente.
Foi apresentada ainda uma pesquisa com 2.000 entrevistados,
dos quais 80% concordaram que
falar ao celular no trânsito distrai
a atenção e 30% disseram que isso
ocorre mesmo quando é usado
um viva-voz.
As conclusões estão sendo utilizadas por parlamentares para que
a lei seja mais restritiva. Na Inglaterra, os motoristas podem ser
enquadrados por direção perigosa ou negligência, mas não há referências diretas ao celular.
A análise feita na Inglaterra é
vista com ressalvas por especialistas brasileiros, que reconhecem
os riscos do uso do celular no volante, mas temem a comparação
com os motoristas alcoolizados.
"É uma interpretação perigosa.
Pode levar a uma falsa idéia de
que beber não é tão perigoso. Na
verdade, são coisas completamente diferentes. O motorista
que usa um celular geralmente
não está em alta velocidade. Se
provocar mais acidentes, eles são
de menor gravidade", afirma Fabio Racy, presidente da Abramet.
"O álcool é mais grave porque
altera a consciência. O celular deixa os motoristas tensos, preocupados", diz Roberto Scaringella.
Phillip Gold, consultor de transportes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), afirma que os resultados do estudo
não são surpreendentes. "Quem
bebe e dirige entra no carro embriagado, mas voltado para a ação
de dirigir. O motorista que usa celular no volante não está concentrado no ato de dirigir."(AI)
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