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Crematório tem mestre-de-cerimônias
DA REVISTA DA FOLHA
Do lado direito do palco,
Carlos Eduardo Gummersbach, 54, dá um "play" no
iPod e uma versão instrumental de "Imagine", de
John Lennon, invade o ambiente. Com vozeirão de locutor de rádio, o paulista de
São Caetano do Sul recita um
versículo bíblico ou um poema de despedida diante da
platéia e aciona a mesa elevatória para o caixão subir lentamente a 4 m de altura. A ascensão cheia de simbolismo
encerra a cremação.
"É tudo para amenizar o
sentimento de perda", diz o
mestre-de-cerimônias do
crematório Primaveras.
Carlos Eduardo foi vendedor de empresas variadas a
maior parte da vida, até que,
há dois anos, foi convidado
para o cargo -talvez por causa da fala mansa e do jeito
zen. Não fala em dinheiro,
mas se diz satisfeito com o
que ganha. E como é a rotina
de um mestre-de-cerimônia
de crematório?
"Normal, como qualquer
outro serviço. É um trabalho
muito gratificante, confortante", conta ele, que trabalha sempre de terno e gravata. O expediente segue o horário das 8h às 18h, mas o
crematório é mais sujeito a
uma ou outra excepcionalidade. "Preciso ficar disponível full time. Já fiz cerimônias às três da manhã", diz.
Felizmente, até agora, de
gente que desconhecia. "Mas
não me negaria a fazer de conhecidos. Você precisa separar a vida pessoal da profissional ou enlouquece."
Casado, pai de quatro filhos, diz que já avisou à mulher: quer ser cremado, com
direito a cerimônia e ao som
de "Amigos para Siempre", a
música gravada pelos tenores, Luciano Pavarotti, José
Carreras e Plácido Domingo.
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