São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Crematório tem mestre-de-cerimônias

DA REVISTA DA FOLHA

Do lado direito do palco, Carlos Eduardo Gummersbach, 54, dá um "play" no iPod e uma versão instrumental de "Imagine", de John Lennon, invade o ambiente. Com vozeirão de locutor de rádio, o paulista de São Caetano do Sul recita um versículo bíblico ou um poema de despedida diante da platéia e aciona a mesa elevatória para o caixão subir lentamente a 4 m de altura. A ascensão cheia de simbolismo encerra a cremação.
"É tudo para amenizar o sentimento de perda", diz o mestre-de-cerimônias do crematório Primaveras.
Carlos Eduardo foi vendedor de empresas variadas a maior parte da vida, até que, há dois anos, foi convidado para o cargo -talvez por causa da fala mansa e do jeito zen. Não fala em dinheiro, mas se diz satisfeito com o que ganha. E como é a rotina de um mestre-de-cerimônia de crematório?
"Normal, como qualquer outro serviço. É um trabalho muito gratificante, confortante", conta ele, que trabalha sempre de terno e gravata. O expediente segue o horário das 8h às 18h, mas o crematório é mais sujeito a uma ou outra excepcionalidade. "Preciso ficar disponível full time. Já fiz cerimônias às três da manhã", diz.
Felizmente, até agora, de gente que desconhecia. "Mas não me negaria a fazer de conhecidos. Você precisa separar a vida pessoal da profissional ou enlouquece."
Casado, pai de quatro filhos, diz que já avisou à mulher: quer ser cremado, com direito a cerimônia e ao som de "Amigos para Siempre", a música gravada pelos tenores, Luciano Pavarotti, José Carreras e Plácido Domingo.


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