São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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GENEBRA
Novidades vão permitir redução da dosagem, facilitando a adesão do paciente, e provocam menos reações
Novas drogas simplificam tratamento da Aids

AURELIANO BIANCARELLI
JAIRO BOUER
enviados especiais a Genebra

Novos medicamentos e combinações de drogas foram anunciados no Congresso Mundial da Aids, que acontece em Genebra (Suíça). Dois deles devem ser aprovados nos próximos meses nos EUA. Eles vão aumentar o arsenal contra o HIV e simplificar o esquema de tratamento da Aids.
Julio Montaner, da Universidade de British Columbia, no Canadá, diz que o desafio das novas drogas é de proporcionar combinações tão potentes quanto às atuais, mas com menos efeitos colaterais, menor toxicidade e menor dosagem. Esses elementos são fundamentais para garantir uma adesão maior dos pacientes.
David Cooper, da Universidade de South Wales (Austrália), diz que vários pacientes que tomam há dois anos o coquetel com inibidor da protease (o esquema mais potente disponível), estão apresentando problemas metabólicos.
Entre eles está a elevação de triglicérides e colesterol, depósito de gordura em mamas, barriga, ombros e pescoço, redução de gordura em braços e face e diabetes.
Outras desvantagens do inibidor seriam altas dosagens -mais de uma dezena de pílulas por dia- e efeitos colaterais como náusea, diarréia e pedra nos rins (dependendo do medicamento tomado).
"Os benefícios superam os riscos, mas os obstáculos podem levar os pacientes a abandonar o tratamento ou tomar os remédios de modo irregular", diz Cooper (leia texto nesta página).
Montaner comparou vários estudos com as novas drogas e verificou que esquemas com três drogas, mas sem inibidor da protease, também podem alcançar grande potência. Assim, os inibidores poderiam ser guardados como última opção de tratamento.
O abacavir e o efavirenz já foram submetidos à FDA -agência de controle de medicamentos americana- e devem estar à disposição em breve. Eles vêm sendo utilizados em algumas pesquisas clínicas e têm tido um perfil favorável.
O efavirenz pode ser tomado em dose única. Ele é um inibidor da transcriptase reversa (enzima que atua na fase inicial do ciclo do vírus) e pertence à mesma classe da nevirapina e da delavirdina, drogas compradas recentemente pelo Ministério da Saúde no Brasil.
O abacavir também atua sobre a transcriptase reversa. Ele é um "primo" mais potente do AZT (o mais clássico remédio contra a Aids) e é tomado duas vezes ao dia. O mesmo AZT foi lançado em combinação com o 3TC em uma droga chamada de combivir, que reduz as pílulas a duas por dia.
Em uma combinação do efavirenz com o combivir, o paciente teria que tomar "apenas" três comprimidos ao dia, em vez de 10 ou 20 do coquetel tradicional.



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