São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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"Anjo da guarda' vai vigiar pacientes em SP

dos enviados especiais

Um grupo de São Paulo está treinando "anjos da guarda" para vigiar de perto as tomadas de remédios dos pacientes de Aids. Cinco voluntários, escolhidos porque já superaram as dificuldades do tratamento, cuidarão de dez outros pacientes.
A intenção é que os pacientes acompanhados se transformem em novos vigilantes depois de três meses, formando assim uma "rede de anjos". O trabalho começa em agosto.
A iniciativa é do Grupo de Incentivo à Vida, GIV, uma organização não-governamental de auto-ajuda.
Cientistas presentes em Genebra estão afirmando que o abandono dos tratamentos é a principal causa do surgimento de cepas resistentes do vírus.
Convencer e ajudar os pacientes a manter o tratamento passou a ser fundamental para impedir um agravamento da epidemia.
O trabalho é mais difícil que o de prevenção: enquanto a população só precisa usar camisinha nas suas relações sexuais, o paciente tem de seguir um esquema rígido, obedecendo horários para tomar os remédios e mudando seus hábitos alimentares.
"O anjo da guarda não vai interferir na vida do paciente nem na prescrição médica; sua função é acompanhá-lo durante 24 horas por dia", diz José Araujo, membro do GIV e representante da região sudeste na Comissão Nacional de Aids, órgão consultor do Ministério da Saúde.
No Rio de Janeiro, o Grupo Pela Vidda criou o BUD, um programa de acompanhamento domiciliar do portador do HIV e paciente de Aids.
Araujo diz que o esforço pela adesão deve ser dividido entre ONGs, médicos, governo e laboratórios. Segundo ele, o governo tem que oferecer mais informações sobre o problema, a indústria farmacêutica precisa investir mais na busca de esquemas simples de tomadas e os médicos devem ouvir mais o paciente.
"Tem gente que não está seguindo o tratamento com medo que mudanças nos horários e nos hábitos de alimentação provocarão desconfianças na família e no local de trabalho" diz Araujo. "Não pode haver mentiras nessa relação", afirma.



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