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São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2003

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EDUCAÇÃO

"Escolão" na periferia de São Paulo é o primeiro de 21 que serão entregues até janeiro; unidades têm teatro, cinema e piscinas

Lula inaugura "vitrine" da gestão Marta

Almeida Rocha/Folha Imagem
Moradores olham piscina do CEU inaugurado ontem


CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com direito a apresentação da Orquestra Sinfônica Municipal e a discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a prefeita Marta Suplicy inaugurou ontem, na zona leste de São Paulo, o primeiro dos 21 CEUs (Centros de Educação Unificados) que planeja entregar até janeiro e que pretende transformar na principal vitrine de sua campanha à reeleição.
Cerca de 5.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, compareceram à cerimônia. No lado de fora, houve empurra-empurra.
"Você está mudando o padrão da educação no país, e, se você pode fazer uma escola desta qualidade, outros também podem, e nós haveremos de fazer", disse o presidente, num discurso em que enfatizou que o CEU irá "dar oportunidade" aos pobres. "As crianças de Guaianases estão tendo oportunidade de ter acesso àquilo a que só os ricos ou a classe média alta tinham direito."
Já o ministro da Educação, Cristovam Buarque, afirmou que o CEU inaugurado pela prefeitura inicia "uma marcha para que o Brasil inteiro tenha isso que Marta está dando para São Paulo".
O CEU Jambeiro, inaugurado ontem, fica no distrito de Lajeado, na região da Subprefeitura de Guaianases -uma das mais carentes da cidade. O chamado "escolão" tem 42 mil metros quadrados e é o maior deles. Seguindo um padrão, abriga escolas de educação infantil e de ensino fundamental e creche, com capacidade total para 2.400 alunos.
Ao custo de R$ 13 milhões cada, os escolões são vistos com reservas por educadores, até do próprio PT, partido de Lula e Marta (leia texto na página C3). Para eles, apesar do alto custo, os CEUs não resolvem os eternos problemas de salas superlotadas e professores sem qualificação.
No início da manhã, cerca de dez ônibus deixaram convidados perto do local da inauguração. A assessoria de imprensa da prefeitura se recusou a informar quem pagou pelos ônibus.
Entre esses convidados, alunos de várias escolas da região que deixaram de ir à aula para ver de perto o que o CEU traz de novo: piscinas, quadras poliesportivas, teatro, cinema, biblioteca, pista de skate e telecentro. Equipamentos que poderão ser usados também pela população.
Mas, próximo dali, estudantes de Emefs (Escolas Municipais de Ensino Fundamental) da região lamentavam não apenas a falta de acesso à estrutura do CEU, mas também as faltas constantes de professores. "Os professores faltam demais", disse a comerciante Sueli Silva Gonçalves, mãe de Felipe, 12, que estuda na Emef Madre Joana Angélica de Jesus.

Na periferia
No discurso, Lula disse que "seria mais fácil fazer escola na marginal [Tietê], para que todo mundo pudesse passar e a escola funcionasse como um cartão-postal". Mas ressaltou que Marta preferiu investir na periferia, beneficiando os estudantes carentes.
Na inauguração de ontem, não faltaram faixas de agradecimento à prefeita. Algumas foram colocadas pela Nutriplus Alimentação e Tecnologia, empresa que fornece merenda ao CEU Jambeiro. Outras eram de vereadores e candidatos. No palco onde se apresentava a orquestra, uma faixa dizia: "Está começando o maior programa de educação já feito no país".
A CET espalhou 39 faixas pela cidade para informar sobre o CEU Jambeiro. As faixas foram colocadas até na avenida 23 de Maio, na zona sul, a mais de 30 quilômetros do local. A CET não soube informar o custo das faixas, mas explicou que elas tinham um objetivo informativo.
Antes do início dos discursos da prefeita e do presidente, o artista Antonio Nóbrega deu o tom do evento, cantando "vinde moças e velhos, vinde todos apreciar como isso é bom, como isso é belo".
Marta fez um discurso no qual procurou enfatizar a inclusão social. Segundo ela, "nestes 500 anos, a elite teve piscina, piano, e a periferia tinha escola de latinha" -referência a escolas de lata instaladas em alguns bairros.

Colaborou o "Agora"


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