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URBANISMO
A nova Lei de Uso e Ocupação do Solo dá à capital paulista maior controle sobre construção de novos prédios
Cidade pode ter "freios" à verticalização
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo que aparece na nova Lei de Uso e Ocupação do Solo e nos planos diretores
regionais tem maior controle sobre a construção de novos prédios
e o adensamento populacional. O
projeto que será enviado à Câmara Municipal na segunda-feira
prevê mecanismos que funcionarão como "freios" à verticalização
da cidade e que deverão acirrar o
debate com o setor imobiliário.
O projeto da nova lei extingue as
atuais Z3 e Z4 -zonas que, atualmente, são as preferidas pelo setor imobiliário, por permitirem a
construção de até quatro vezes a
metragem do terreno. Pelo atual
zoneamento, definido na década
de 70, quase todos os bairros da
cidade possuem ruas classificadas
como Z3 e Z4, como as áreas mais
verticalizadas dos Jardins, Moema, Vila Olímpia e Sumaré.
Ao cancelar essas zonas, que foram criadas com base em um projeto viário que não chegou a sair
do papel, o novo zoneamento
transfere para outros trechos os
potenciais de verticalização.
Por exemplo, em áreas de intervenção urbana, como as avenidas
Água Espraiada e Santo Amaro, o
coeficiente máximo poderá chegar a quatro, sob pagamento de
outorga onerosa -taxa cobrada
para poder chegar ao limite máximo de construção do terreno.
Mesmo nesses locais, porém,
haverá mecanismos de controle
da verticalização, como definir os
recuos e a altura máxima das
construções (os gabaritos), além
da permeabilidade obrigatória.
A permeabilidade obrigatória
determina que a construtora deixe parte do terreno com área livre
para o escoamento da água. Com
menos terreno para cavar e construir lajes, os edifícios ficariam
com menos vagas de garagem.
"Estamos retirando os centros
velhos, projetados com uma malha viária que não chegou a ser
construída, e propondo centros
novos", afirmou Ivan Maglio,
coordenador na Secretaria de Planejamento da nova lei.
Outra mudança da proposta se
refere à zona 1, agora chamada de
ZER (zonas estritamente residenciais). Haverá três tipos de ZER. A
primeira, ZER 1, classifica as ruas
formadas somente por casas residenciais. A ZER 2 denomina as
ruas residenciais em que há mais
de uma construção por terreno,
como as vilas de bairro. Por fim, a
ZER 3, pensada como solução para antigos casarões abandonados,
permitirá até a construção de pequenos prédios.
"A ZER 3 atende uma demanda
que tínhamos há tempos, de
construir prédios de até quatro
andares em algumas ruas, como
no Butantã. Porém, a permeabilidade obrigatória exigida para eles,
de 30%, é muito alta, o que inviabiliza a construção de garagens",
explica Eduardo Della Mana, diretor do Secovi (sindicato de imobiliárias e construtoras). A entidade, diz ele, tentará convencer os
vereadores a fazer mudanças no
projeto da prefeitura.
Della Mana critica também a redução dos coeficientes. "Em uma
primeira leitura, pode-se perceber que os planos e a nova lei
apontam para uma redução nos
coeficientes e gabaritos. Porém,
ainda há lugares da cidade que
podem se adensar mais, como o
bairro do Ipiranga."
O projeto também "premia" alguns tipos de condomínios.
Quem fizer um parque verde público poderá transferir o potencial
construtivo da área para a edificação. Para prédios construídos
sem afastamentos laterais, a opção será deixar o térreo aberto à
circulação, como no Conjunto
Nacional, na avenida Paulista.
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