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RIO
Adolescente, localizado em Manaus, pretendia aderir às Farc
Mãe de garoto que fugiu de casa elege internet como "inimigo"
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de reencontrar o filho
Alexandre De Donato, que fugiu
de casa para se juntar aos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia),
sua mãe, Catarina Paccagnella, 43,
defendeu maior controle dos conteúdos da internet.
Antes de viajar, De Donato, 14,
fez várias consultas ao site das
Farc. Ele foi localizado no sábado
em Manaus (AM) pela Polícia Federal e pela Capitania dos Portos.
"Meu filho achou isso tudo num
site de pesquisa escolar. A internet é um inimigo que entra na sua
casa. Ao mesmo tempo, ela veio
para ficar. É impossível barrar",
afirmou a mãe do garoto. Ela disse também que vai controlar os sites aos quais o filho tem acesso.
Ao mesmo tempo, reconheceu
que os meios de comunicação e a
internet -através da qual foram
mandados por dia cerca de 800 e-mails pedindo informações-
ajudaram a localizar o filho.
Para a psicóloga Noely Montes
Moraes, professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de
São Paulo, todo adolescente busca
modelos de identificação fora de
casa como uma forma de se "desvencilhar", do ponto de vista psicológico, da família.
Segundo Moraes, os pais devem
facilitar o processo de transição
com muito diálogo, evitando atitudes repressivas ou superprotetoras. "Não adianta culpar o externo", diz a psicóloga.
A psicanalista Cynthia Ladvocat, presidente da Associação e
Terapia de Família do Rio de Janeiro, disse que a fuga de um adolescente sempre deve servir de
alerta para as famílias, sem a
preocupação de buscar culpados.
Catarina Paccagnella afirmou
que não se sente culpada pelo que
houve. Disse que o filho é um
idealista e que tentará convencê-lo a canalizar sua energia e sua inteligência para outras atividades.
"Na cara e na coragem"
A Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil) informou que, no depoimento que
prestou ontem, em casa, Alexandre De Donato confirmou que
pretendia se alistar às Farc. Ele
afirmou que se sentiu atraído porque a organização tem "cunho socialista". De Donato se disse adepto do lema "abaixo a capitalismo".
Segundo os policiais que o ouviram, o estudante disse que não tinha nenhum contato com guerrilheiros e que iria "na cara e na coragem" para a Colômbia.
O adolescente afirmou ainda
que mudou totalmente de idéia
sobre as Farc depois de ouvir de
policiais federais relatos das atividades do grupo, que atua também
no tráfico de drogas, além de praticar sequestros e atentados.
"Pensei que eles eram revolucionários e eles são de direita (sic)",
afirmou ele, segundo a mãe.
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