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Polícia Federal desmonta quadrilha de bancos do PCC
Foram presas 39 pessoas em oito Estados, e outras 17 estão sendo procuradas
Grupo foi flagrado enquanto escavava um túnel de 80 metros que daria acesso a duas agências bancárias de Porto Alegre
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma quadrilha especializada
em roubo a banco e ligada à facção criminosa PCC (Primeiro
Comando da Capital) foi presa
ontem, em uma megaoperação
da Polícia Federal, quando escavava um túnel de 80 metros
que daria acesso a duas agências bancárias de Porto Alegre.
Foram presas 39 pessoas em
oito Estados -sendo que 26 só
em Porto Alegre. Outras 17 estão sendo procuradas. Segundo
a PF, os presos fazem parte da
quadrilha responsável pelo
maior furto a bancos já realizado no país -o do Banco Central
de Fortaleza, em agosto de
2005, quando R$ 164,8 milhões
foram levados do caixa-forte.
A PF chegou ao grupo há cerca de dois meses e meio após investigar um cartão de telefone
pré-pago encontrado no túnel
usado para o furto em Fortaleza. O telefone foi identificado e
acabou sendo monitorado.
"São profissionais de alta periculosidade, quase todos com
antecedentes criminais. Efetivamente, durante a investigação, surgiram evidências de
[que são] simpatizantes ou integrantes dessa facção criminosa que está aterrorizando
São Paulo", afirmou o delegado
Getúlio Bezerra, chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF.
Em São Paulo, foram presas
sete pessoas -uma delas suspeita de ser um dos "gerentes"
do PCC na zona sul. Todos os
mandados de prisão foram expedidos pela Justiça do Ceará.
O resultado da operação foi
comemorado pelo ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "Foi um golpe muito forte,
um golpe assim que os pega naquilo que eles têm de vital, que
é a causa final do crime... o dinheiro. Eu acho que isso os
atinge fortemente", disse em
entrevista à rádio CBN.
Delegados da PF acreditam
que o objetivo do grupo era levar de R$ 50 a R$ 60 milhões.
Túnel
As primeiras prisões ocorreram pela manhã: às 7h15, 22
pessoas foram flagradas trabalhando na escavação de um túnel subterrâneo de cerca de 80
metros de comprimento, que
avançava em direção a dois
bancos no centro da cidade.
O assalto seria realizado na
agência central do Banrisul
(Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e, provavelmente, na
agência central da Caixa Econômica Federal. Os dois bancos
ficam próximos um do outro.
No prédio, foi preso um dos
chefes da quadrilha, Carlos Antônio da Silva, conhecido como
Balengo e investigado pela PF,
em São Paulo, pela participação
no seqüestro do jornalista Guilherme Portanova, da Rede
Globo, no mês passado.
A previsão da PF é que o túnel atingisse os bancos em duas
semanas. O prédio, na avenida
Mauá, 899, com sete andares,
foi comprado pelo grupo por
R$ 1,2 milhão -parcelado em
quatro vezes de R$ 300 mil.
Do prédio, saía o túnel de 80
metros, com aproximadamente 70 cm de diâmetro. Até o Banrisul, ele percorreria 110 metros. Até a CEF, 190 metros.
No mesmo momento em que
ocorria a ação no prédio, outra
equipe da PF entrava em uma
casa alugada na rua Tobias Barreto, 145, bairro Partenon, onde funcionava o comando do
grupo, prendendo mais quatro
integrantes da quadrilha.
Entre os quatro membros do
comando estava Lucivaldo
Laurindo, apontado como um
dos líderes do assalto ao BC. Os
envolvidos serão indiciados por
tentativa de furto qualificado,
formação de quadrilha e falsificação de documentos. Todos
devem ficar no presídio federal
de Catanduvas (PR).
Na operação, batizada de
Facção Toupeira, a PF encontrou um outro túnel escavado
pela quadrilha, em Maceió. Segundo a investigação, os criminosos iniciaram o trabalho,
mas abandonaram a idéia e
concentraram esforços em
Porto Alegre porque encontraram tubulações difíceis de
transpor para chegar ao seu objetivo: uma agência de penhores da CEF ou o caixa-forte da
transportadora de valores Nordeste Segurança.
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