São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Polícia Federal desmonta quadrilha de bancos do PCC

Foram presas 39 pessoas em oito Estados, e outras 17 estão sendo procuradas

Grupo foi flagrado enquanto escavava um túnel de 80 metros que daria acesso a duas agências bancárias de Porto Alegre

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma quadrilha especializada em roubo a banco e ligada à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foi presa ontem, em uma megaoperação da Polícia Federal, quando escavava um túnel de 80 metros que daria acesso a duas agências bancárias de Porto Alegre.
Foram presas 39 pessoas em oito Estados -sendo que 26 só em Porto Alegre. Outras 17 estão sendo procuradas. Segundo a PF, os presos fazem parte da quadrilha responsável pelo maior furto a bancos já realizado no país -o do Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005, quando R$ 164,8 milhões foram levados do caixa-forte.
A PF chegou ao grupo há cerca de dois meses e meio após investigar um cartão de telefone pré-pago encontrado no túnel usado para o furto em Fortaleza. O telefone foi identificado e acabou sendo monitorado.
"São profissionais de alta periculosidade, quase todos com antecedentes criminais. Efetivamente, durante a investigação, surgiram evidências de [que são] simpatizantes ou integrantes dessa facção criminosa que está aterrorizando São Paulo", afirmou o delegado Getúlio Bezerra, chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF.
Em São Paulo, foram presas sete pessoas -uma delas suspeita de ser um dos "gerentes" do PCC na zona sul. Todos os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça do Ceará.
O resultado da operação foi comemorado pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "Foi um golpe muito forte, um golpe assim que os pega naquilo que eles têm de vital, que é a causa final do crime... o dinheiro. Eu acho que isso os atinge fortemente", disse em entrevista à rádio CBN.
Delegados da PF acreditam que o objetivo do grupo era levar de R$ 50 a R$ 60 milhões.

Túnel
As primeiras prisões ocorreram pela manhã: às 7h15, 22 pessoas foram flagradas trabalhando na escavação de um túnel subterrâneo de cerca de 80 metros de comprimento, que avançava em direção a dois bancos no centro da cidade.
O assalto seria realizado na agência central do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e, provavelmente, na agência central da Caixa Econômica Federal. Os dois bancos ficam próximos um do outro.
No prédio, foi preso um dos chefes da quadrilha, Carlos Antônio da Silva, conhecido como Balengo e investigado pela PF, em São Paulo, pela participação no seqüestro do jornalista Guilherme Portanova, da Rede Globo, no mês passado.
A previsão da PF é que o túnel atingisse os bancos em duas semanas. O prédio, na avenida Mauá, 899, com sete andares, foi comprado pelo grupo por R$ 1,2 milhão -parcelado em quatro vezes de R$ 300 mil.
Do prédio, saía o túnel de 80 metros, com aproximadamente 70 cm de diâmetro. Até o Banrisul, ele percorreria 110 metros. Até a CEF, 190 metros.
No mesmo momento em que ocorria a ação no prédio, outra equipe da PF entrava em uma casa alugada na rua Tobias Barreto, 145, bairro Partenon, onde funcionava o comando do grupo, prendendo mais quatro integrantes da quadrilha.
Entre os quatro membros do comando estava Lucivaldo Laurindo, apontado como um dos líderes do assalto ao BC. Os envolvidos serão indiciados por tentativa de furto qualificado, formação de quadrilha e falsificação de documentos. Todos devem ficar no presídio federal de Catanduvas (PR).
Na operação, batizada de Facção Toupeira, a PF encontrou um outro túnel escavado pela quadrilha, em Maceió. Segundo a investigação, os criminosos iniciaram o trabalho, mas abandonaram a idéia e concentraram esforços em Porto Alegre porque encontraram tubulações difíceis de transpor para chegar ao seu objetivo: uma agência de penhores da CEF ou o caixa-forte da transportadora de valores Nordeste Segurança.


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