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Fechamento de hospitais e greve mostram caos na saúde
População atendida reclama de superlotação, de falta de infra-estrutura e de pessoal
Há unidades de transplante
que foram desativadas,
novos centros cirúrgicos
fechados e equipamentos
quebrados e sem conserto
Edson Ruiz/Folha Imagem
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Familiares ajudam paciente no Hospital Geral Roberto Santos |
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve de profissionais da
saúde no Nordeste, que provocou a morte de pacientes por
falta de atendimento, e o fechamento de mais um hospital ligado a universidades federais
revelam o caos do setor no país.
O governo federal chegou a
anunciar a liberação de R$ 2 bilhões, mas o Ministério da Fazenda disse que não há garantia
de que esse montante vá sair.
A reportagem da Folha
acompanhou um dia nos principais hospitais de cinco capitais do Nordeste (Salvador, Recife, Aracaju, Maceió e Fortaleza) e ouviu muita reclamação
de superlotação, falta de infra-estrutura e de pessoal.
Entre os pacientes, exemplos
dos 45,6 milhões de pessoas
(88,5% do total da região) que
dependem da saúde pública na
área, há uma grande indignação contra a classe política, responsável, de acordo com eles,
pelo descaso da saúde.
Nos 45 hospitais universitários federais do país, a dívida
chega a R$ 450 milhões. Sem
reajuste na verba enviada pelo
governo há três anos e sem reposição dos quadros de funcionários, muitas das instituições
começam a paralisar o atendimento à população.
Há unidades de transplantes
que foram desativadas, novos
centros cirúrgicos fechados e
equipamentos quebrados sem
nenhuma expectativa de uma
data para conserto.
"Se não houver reajuste nos
repasses, o sistema entrará em
colapso. Muitos hospitais não
chegarão ao ano que vem", afirma José Roberto Feraro, presidente da Abrahue (Associação
Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino).
O Ministério da Saúde nega
que haja "caos" ou "apagão" no
sistema público de saúde.
"Há problemas localizados,
de algumas especialidades, mas
o sistema funciona bem no país
todo", afirmou na última sexta-feira o ministro José Gomes
Temporão.
Para ele, o SUS (Sistema Único de Saúde) só terá chances de
sustentabilidade a médio e longo prazos se regulamentada a
emenda 29, que obriga Estados
a aplicar 12% das receitas próprias em saúde.
Já o Ministério da Educação,
responsável pelos repasses aos
hospitais universitários federais, afirma que o modelo de financiamento dessas unidades
já se esgotou. E lança como alternativa o novo modelo de
gestão que a pasta da Saúde encaminhou ao Congresso.
A proposta do governo federal é alterar o regime jurídico
de hospitais para permitir a
criação de fundações estatais
de direito privado, o que daria
liberdade aos gestores, permitindo-lhes pagar mais aos médicos e cobrar-lhes mais.
O projeto encontra resistência entre representantes de entidades médicas e do Conselho
Nacional de Saúde, que vêem
nele risco de falta de controle
social sobre o gerenciamento
das instituições financiadas
com o dinheiro público e inocuidade já que as mudanças dependem de alterações na forma
de financiamento.
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