São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2011

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Garoto tem suspeita de pólio após vacina

Neuropediatra diz que doença pode ter surgido a partir de imunização via oral contra a doença, em caso raríssimo

Por causa de demora na notificação, não será possível ter certeza se problema foi de fato causado por vacina

JEAN-PHILIP STRUCK

DE SÃO PAULO

Uma criança de um ano e quatro meses de idade nascida em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, pode ter desenvolvido paralisia nas pernas após tomar a vacina de gotas contra a poliomielite.
De acordo com o Ministério da Saúde e com médicos ouvidos pela Folha, situações assim são raríssimas.
O caso ocorreu no final de outubro do ano passado, mas só chegou ao conhecimento do ministério em agosto.
Segundo a mãe da criança, a dona de casa Sidnéia Branco Teixeira, 38, o menino começou a apresentar paralisia após tomar a terceira dose da vacina Sabin, por via oral, aos seis meses de vida.
Ela diz que a criança teve febre na primeira semana após a imunização, e, 15 dias depois, começou a perder o movimento das pernas.
Durante consulta em março deste ano, o neuropediatra Walter Luis Magalhães constatou que o menino tinha perdido a força e os reflexos nos membros inferiores.
O diagnóstico foi de paralisia flácida aguda, condição que pode ser provocada por uma série de doenças e, em casos raros, pela vacina da pólio, segundo o médico.
Apesar de diagnósticos desse tipo de paralisia serem de notificação compulsória e imediata ao Ministério da Saúde, o caso só chegou a Brasília quatro meses depois.
O ministério diz que a falha foi da Prefeitura de Pouso Alegre, mas o município afirma ter informado o caso à GRS (Gerência Regional de Saúde) local, ligada ao governo do Estado de Minas Gerais.
A portaria que estabelece a obrigatoriedade de notificação diz que tanto a GRS quanto a prefeitura são responsáveis por avisar o ministério. A Folha tentou contatar a GRS de Pouso Alegre, mas ninguém atendeu o telefone.
O Ministério da Saúde diz que o período transcorrido desde que o menino foi imunizado é longo demais para que exames laboratoriais confirmem se foi mesmo a vacina que causou a paralisia.
O neuropediatra que examinou a criança em março concorda, mas afirma que há evidências - como o tipo de paralisia e o fato de ela ter ocorrido após a vacinação- de que a vacina pode ser, sim, a responsável pelo problema.
O menino é o terceiro filho de Sidnéia. A dona de casa afirma que ele está melhorando com o tratamento médico.
De acordo com Celso Granato, infectologista que trabalha para o laboratório Fleury, os problemas causados pela poliomielite não costumam ser reversíveis. Isso porque o nervo atacado pelo vírus não se regenera.


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