São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA
Policiais e moradores da favela dos Pinheiros apresentam versões divergentes sobre a origem da troca de tiros
Tiroteio em favela provoca protesto no Rio

ANA WAMBIER
FREE LANCE PARA A FOLHA

Cerca de 350 homens de três batalhões da Polícia Militar, do Bope (Batalhão de Operações Especiais), do G-Tan (Grupamento Tático Móvel) e do serviço reservado da Polícia Civil enfrentaram ontem à tarde na favela dos Pinheiros, em Bonsucesso (zona norte do Rio), uma intensa troca de tiros com supostos traficantes. Ao mesmo tempo, os policiais tentavam conter uma manifestação de moradores do local.
A incursão aconteceu, segundo a polícia, depois que foi deflagrada uma guerra entre dois grupos rivais de traficantes -o Terceiro Comando e o Comando Vermelho-, deixando quatro feridos.
Os moradores, no entanto, têm uma versão diferente. Tudo teria começado quando, no início da tarde de ontem, integrantes do serviço reservado da Polícia Civil entraram armados e à paisana na favela. Segundo os moradores, os policiais teriam sido confundido com bandidos pela Polícia Militar, que já estava no local.

Feridos
A PM teria então atirado, e os policiais à paisana teriam respondido, dando início a uma troca de tiros entre eles. Com a entrada da polícia pelas ruas, traficantes teriam achado que se iniciava um combate e revidaram os tiros.
No meio do fogo cruzado, um casal de moradores sem qualquer ligação com o tráfico de drogas teria sido ferido, o que foi suficiente para que várias pessoas tomassem as ruas da favela e ateassem fogo a três ônibus em protesto, por volta das 16h30 de ontem.
Os nomes dos dois feridos não foram divulgados nem por moradores e nem pela polícia. Outras duas pessoas -Edvaldo da Silva, 22, e Luiz Carlos Guimarães da Silva, 16, que, segundo a polícia, seriam traficantes, também se feriram com balas de revólver e foram levados para o hospital Paulino Werneck, na Ilha do Governador (zona norte).
A polícia nega a confusão descrita pelos moradores e diz que foi acionada por um policial que cuidava de uma zona eleitoral em uma escola ao lado da favela. Ao perceber a guerra de traficantes, o policial teria pedido a presença da PM. Ainda segundo a polícia, um dos traficantes, ferido, teria sido reconhecido quando entrava numa Kombi carregado por uma mulher.
Na versão da polícia, outros integrantes do Terceiro Comando teriam saído da favela e invadido a avenida Brasil (uma das principais vias da cidade), onde teriam parado um ônibus e exigido que os passageiros saíssem, ameaçando-os com fuzis. O ônibus atravessado na avenida e acabou incendiado.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Incêndio na zona norte também gerou confronto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.