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VIOLÊNCIA
Policiais e moradores da favela dos Pinheiros apresentam versões divergentes sobre a origem da troca de tiros
Tiroteio em favela provoca protesto no Rio
ANA WAMBIER
FREE LANCE PARA A FOLHA
Cerca de 350 homens de três batalhões da Polícia Militar, do Bope
(Batalhão de Operações Especiais), do G-Tan (Grupamento
Tático Móvel) e do serviço reservado da Polícia Civil enfrentaram
ontem à tarde na favela dos Pinheiros, em Bonsucesso (zona
norte do Rio), uma intensa troca
de tiros com supostos traficantes.
Ao mesmo tempo, os policiais
tentavam conter uma manifestação de moradores do local.
A incursão aconteceu, segundo
a polícia, depois que foi deflagrada uma guerra entre dois grupos
rivais de traficantes -o Terceiro
Comando e o Comando Vermelho-, deixando quatro feridos.
Os moradores, no entanto, têm
uma versão diferente. Tudo teria
começado quando, no início da
tarde de ontem, integrantes do
serviço reservado da Polícia Civil
entraram armados e à paisana na
favela. Segundo os moradores, os
policiais teriam sido confundido
com bandidos pela Polícia Militar, que já estava no local.
Feridos
A PM teria então atirado, e os
policiais à paisana teriam respondido, dando início a uma troca de
tiros entre eles. Com a entrada da
polícia pelas ruas, traficantes teriam achado que se iniciava um
combate e revidaram os tiros.
No meio do fogo cruzado, um
casal de moradores sem qualquer
ligação com o tráfico de drogas teria sido ferido, o que foi suficiente
para que várias pessoas tomassem as ruas da favela e ateassem
fogo a três ônibus em protesto,
por volta das 16h30 de ontem.
Os nomes dos dois feridos não
foram divulgados nem por moradores e nem pela polícia. Outras
duas pessoas -Edvaldo da Silva,
22, e Luiz Carlos Guimarães da
Silva, 16, que, segundo a polícia,
seriam traficantes, também se feriram com balas de revólver e foram levados para o hospital Paulino Werneck, na Ilha do Governador (zona norte).
A polícia nega a confusão descrita pelos moradores e diz que foi
acionada por um policial que cuidava de uma zona eleitoral em
uma escola ao lado da favela. Ao
perceber a guerra de traficantes, o
policial teria pedido a presença da
PM. Ainda segundo a polícia, um
dos traficantes, ferido, teria sido
reconhecido quando entrava numa Kombi carregado por uma
mulher.
Na versão da polícia, outros integrantes do Terceiro Comando
teriam saído da favela e invadido
a avenida Brasil (uma das principais vias da cidade), onde teriam
parado um ônibus e exigido que
os passageiros saíssem, ameaçando-os com fuzis. O ônibus atravessado na avenida e acabou incendiado.
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