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Incêndio na zona norte também gerou confronto
DA SUCURSAL DO RIO
O confronto entre moradores e
a polícia ontem em Bonsucesso
(zona norte) foi o segundo do final de semana no Rio de Janeiro.
Na manhã de sábado, após um incêndio na favela Mandela de Pedra, em Manguinhos, também na
zona norte, cerca de 250 moradores protestaram fechando ruas
com objetos em chamas para chamar a atenção das autoridades.
No embate com a polícia, cinco
pessoas ficaram feridas. Os moradores acusaram policiais militares
de violência. Pelo menos três
bombas de efeito moral (que fazem apenas barulho e fumaça) foram usadas.
Entre os feridos, um adolescente de 16 anos, que participava da
manifestação, foi atropelado e teve ferimentos no pé.
A estimativa de que havia 250
manifestantes no protesto foi feita
pela PM. Para a associação de moradores, havia cerca de mil.
"A gente foi lá protestar para todo mundo ver o que estava acontecendo aqui", disse um morador,
que preferiu não se identificar, temendo represálias.
Isolamento
O incêndio não deixou vítimas,
mas destruiu totalmente cerca de
50 barracos, desabrigando 72 famílias. As casas incendiadas ocupavam uma pequena faixa de terreno às margens de um rio negro
de poluição. As casas terminavam
onde a água poluída começava.
Na manhã de ontem, crianças
descalças e famílias desorientadas
ainda circulavam sobre as cinzas
da área atingida, apesar do isolamento feito pela Defesa Civil Municipal.
Curto-circuito
O incêndio, que, segundo peritos, deve ter sido causado por um
curto-circuito na rede elétrica, começou por volta das 4h de sábado. As chamas atingiram rapidamente as casas de madeira. Os
bombeiros só conseguiram controlar o fogo cerca de duas horas
depois.
"Perdi tudo. Inclusive minha
máquina de costura, que era meu
ganha-pão. É tudo muito triste",
disse a costureira Tânia Maria do
Nascimento dos Santos, 39, que
morava numa casa de três cômodos com seus dois filhos.
Sua vizinha, Elenice Alves Oliveira, 38, estava desolada e com
medo do choque que o marido levará ao voltar de viagem. "O barraco dela era enorme, tinha cinco
cômodos", comentou Tânia.
Projeto
A Secretaria de Ação Social informou que providenciaria abrigo para as pessoas que perderam
suas casas.
Segundo informações do vice-prefeito da Leopoldina, Leonan
Estrella Figueiredo, a prefeitura
tem um projeto para substituir os
barracos da área, extremamente
carente, por um conjunto habitacional, cujas obras deverão ter início no próximo ano.
Segundo Figueiredo, estão faltando os acertos finais do financiamento, que contará também
com recursos da Caixa Econômica Federal.
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