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SEGURANÇA
PCC estaria organizando rebeliões para protestar contra a prisão de seus líderes em cadeia de segurança máxima
Ameaças põem presídios de SP em alerta
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os diretores de presídios de São
Paulo foram orientados a ficar
atentos a qualquer movimentação suspeita entre os presos por
causa de uma série de ameaças recebidas nos últimos dias, que teriam partido do PCC (Primeiro
Comando da Capital), a facção
criminosa que, em fevereiro de
2001, liderou a maior rebelião da
história do país, tomando 29 prisões no Estado.
As notícias recolhidas pela polícia, pelo Ministério Público e pela
Secretaria da Administração Penitenciária ainda são confusas:
ora falam de atentado fora das
prisões, ora de uma nova megarrebelião às vésperas da eleição.
""Em outras épocas também
houve ameaças, que não se concretizaram. O que reforça desta
vez são os dez anos do massacre
do Carandiru [hoje" e o período
eleitoral", disse o corregedor administrativo dos presídios de São
Paulo, Clayton Alfredo Nunes.
Há dez anos, 111 presos morreram dentro da Casa de Detenção
de São Paulo, no complexo do Carandiru (zona norte), após invasão da Polícia Militar para acabar
com uma rebelião. Os mortos são
chamados até hoje de ""guerrilheiros" pela facção, que cresceu ao
longo dos anos 90 e hoje domina a
maior parte da população encarcerada no Estado -cerca de 108
mil detentos.
Por causa das ameaças, anteontem a Polícia Militar ocupou 31
presídios no Estado, pela terceira
vez no ano, atrás de celulares, drogas e armas. Essas operações começaram em maio, após uma investigação da Polícia Civil e do
Ministério Público sobre crimes
que envolviam lideranças presas,
envolvidas em sequestros, homicídios e atentados a bomba.
O balanço de um dia de revista:
137 celulares apreendidos, 356 estiletes, drogas, uma grade serrada
no presídio de Hortolândia (na
região de Campinas), um túnel de
seis metros em Araraquara e outro de três metros de extensão no
Centro de Detenção Provisória do
Belém, na capital.
Investigação
""Estamos fazendo tudo, no âmbito do Ministério Público, para
verificar a veracidade das informações", disse o promotor Márcio Sérgio Christino, do Gaeco
(Grupo de Atuação Especial de
Repressão ao Crime Organizado),
que investiga o PCC.
Nesta semana, a polícia ouviu
uma pessoa ligada a integrantes
do PCC, que afirmou saber de um
plano de ataque da facção programado para antes da eleição.
A ordem teria sido dada por um
dos fundadores da organização,
José Márcio Felício, o Geleião, isolado hoje no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, o único no país onde há equipamento para bloquear celulares.
Geleião teria determinado o ataque para pressionar a Secretaria
da Administração Penitenciária a
retirá-lo do isolamento, com outro fundador do PCC, César Augusto Roris da Silva, o Cesinha.
Os dois foram ""internados" no
regime diferenciado em maio, por
um período de um ano.
Eles são tidos como membros
da ala "radical" do PCC, que, no
início do ano, planejou e executou
ações para tentar desestabilizar o
governo, com atentados a bomba
e disparos contra prédios públicos - fóruns e secretarias-, que
feriram 16 e mataram quatro.
A nova estratégia "terrorista"
surgiu no início do ano, após uma
sucessão de disputas internas no
comando da organização, que
contrapôs seus principais líderes
e acabou, em janeiro, com a morte de Misael Aparecido da Silva, o
Misa, um dos seus integrantes
mais antigos e importantes.
Medidas
""Nós estamos trabalhando com
segurança. Já fizemos revista em
31 penitenciárias. Essa vigilância é
permanente. Preso que fizer confusão vai para regime disciplinar
diferenciado", disse ontem o governador Geraldo Alckmin
(PSDB), que não acredita na veracidade das ameaças. ""Se tiver, nós
vamos enfrentar", afirmou.
Os supostos avisos do PCC, feitos após o isolamento de Geleião e
Cesinha, estão sendo interpretadas pelo governo como uma tentativa desesperada de voltar ao
poder, o que eles só conseguiriam
fora do isolamento.
Se houver rebelião, o governo
deve punir os envolvidos com um
""Código de Represália", um conjunto de medidas definidas em
uma de março do ano passado,
depois da megarrebelião. Em caso
de motim, as visitas ficam automaticamente suspensas por 15
dias e os colchões destruídos não
são repostos. Se as cozinhas são
destruídas, os presos recebem refeições frias até a conclusão do
conserto.
Para o próximo final de semana,
quando ocorre a eleição, o secretário Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária) irá manter a visita de parentes do final de
semana. A secretaria considera
que a suspensão do benefício poderia detonar rebeliões.
Colaborou JOSÉ ALBERTO BOMBIG, da
Reportagem Local
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